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Dono de jornal enfrenta julgamento controverso por lavagem de dinheiro na Guatemala
Dono de jornal enfrenta julgamento controverso por lavagem de dinheiro na Guatemala / foto: Johan ORDONEZ - AFP

Dono de jornal enfrenta julgamento controverso por lavagem de dinheiro na Guatemala

Um tribunal da Guatemala iniciará nesta terça-feira (2) um controverso julgamento por lavagem de dinheiro contra o dono de um jornal crítico do governo, cuja prisão gerou acusações de ataques à liberdade de expressão.

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José Rubén Zamora, dono do jornal El Periódico e preso desde julho passado, é acusado pelo Ministério Público de lavagem de dinheiro e chantagem, acusações que ele afirma serem retaliação a dezenas de publicações sobre corrupção no governo guatemalteco.

Segundo a denúncia, o comunicador de 66 anos está envolvido em um suposto complô para lavagem de US$ 37,5 mil (R$ 187,5 mil na cotação atual) que viriam de uma chantagem a empresários para não publicarem informações contra ele.

Mas sindicatos de imprensa e ONGs internacionais exigem que as acusações contra Zamora sejam retiradas, enquanto os Estados Unidos manifestaram preocupação com as tentativas de "criminalizar" o trabalho de jornalistas na Guatemala.

"Acreditamos que a Justiça guatemalteca se transformou no braço repressivo que procura sufocar e estrangular quem procura dizer a verdade, quem investiga", declarou há poucos dias a presidente da ONG Washington Office On Latin America (WOLA), Carolina Jiménez Sandoval, ao final de uma visita à Guatemala.

Zamora afirma que é "perseguido politicamente" e que o processo contra ele foi forjado pelo presidente Alejandro Giammattei, e pela procuradora-geral, Consuelo Porras, afirmações rejeitadas pelo governo e pelo Ministério Público.

Zamora foi preso em meio a uma onda de detenções de ex-promotores anticorrupção por ordem do Ministério Público da Guatemala, cujo chefe foi incluído por Washington desde 2021 em uma lista de pessoas envolvidas em atos de corrupção ou que atacam a democracia na América Central.

O Ministério Público diz ter como prova as escutas telefônicas e o dinheiro que Zamora teria entregado a um banqueiro, que está sendo processado em outro caso e posteriormente se tornou testemunha contra o dono do jornal.

Há duas semanas foram detidos dois advogados que defendiam o dono do El Periódico antes do julgamento, acusados pelo Ministério Público de apresentar provas falsas. Na quinta-feira o jornalista e empresário Juan Carlos Marroquín, primo de Zamora, foi detido pelo mesmo caso.

T.Gruber--MP