Münchener Post - Honduras pede a embaixadora dos EUA que evite 'ingerência' em política interna

München - 9°C

NAS NOTíCIAS

Honduras pede a embaixadora dos EUA que evite 'ingerência'
em política interna
Honduras pede a embaixadora dos EUA que evite 'ingerência' em política interna / foto: Orlando SIERRA - AFP

Honduras pede a embaixadora dos EUA que evite 'ingerência' em política interna

O ministro hondurenho das Relações Exteriores, Enrique Reina, pediu, nesta quarta-feira (8), que a embaixadora dos Estados Unidos em Tegucigalpa, Laura Dogu, evite comentários de "ingerência" na política interna do país, depois que ela criticou a polêmica nomeação de novos procuradores.

Tamanho do texto:

Após receber a embaixadora em seu gabinete, Reina disse que a chamou para "pedir-lhe que não tenha opiniões que sejam de caráter de ingerência (...) qualquer que seja sobre um tema interno, pois para nós é interferir" na política hondurenha.

"Ali é o chamado de atenção [à embaixadora] porque isso gera, obviamente, chances para que setores que estão buscando desestabilizar [o governo hondurenho], se sintam encorajados", disse o chanceler durante coletiva de imprensa, indicando que a relação com os Estados Unidos agora é de respeito mútuo, não de "súditos" como antes.

O ministro convocou Dogu depois que ela criticou, na semana passada, a nomeação de novos procuradores, um tema que há meses contrapõe o governo de esquerda de Xiomara Castro e a oposição de direita.

Em 1º de novembro, durante o recesso legislativo, uma comissão permanente do Congresso, composta por nove membros, todos governistas, nomeou novos chefes do Ministério Público, um fato condenado pela oposição, para a qual eles deviam ser eleitos no plenário.

"A decisão tomada hoje por uma minoria do Congresso de Honduras de eleger novo Procurador-geral e Promotor-geral adjunto mina ainda mais a confiança das instituições no país", escreveu a embaixadora na rede X (antigo Twitter) no mesmo dia.

"Fazemos um apelo a todos os hondurenhos a evitar a violência e buscar consenso na eleição do Procurador-geral e Adjunto com os 86 votos requeridos", acrescentou a diplomata.

O Congresso estava paralisado havia dois meses pela falta de um acordo entre os dois lados para nomear estes promotores.

O plenário fez várias tentativas frustradas para designá-los, sem conseguir chegar aos dois terços dos votos (86), pois a oposição obteve apenas 74 votos e a situação, 52.

A comissão permanente nomeou por unanimidade os advogados Johel Zelaya como procurador-geral e Mario Morazán como procurador-geral adjunto, e os empossou imediatamente.

Os dois assumiram os cargos, mas a oposição não reconhece sua nomeação. Por isto, o Congresso está paralisando, aumentando a tensão política no país.

L.Sastre--MP