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Do Tibete à América do Sul: um templo budista escondido nas serras uruguaias
Do Tibete à América do Sul: um templo budista escondido nas serras uruguaias / foto: Eitan ABRAMOVICH - AFP

Do Tibete à América do Sul: um templo budista escondido nas serras uruguaias

Uma massa de pedra, telhados dourados e uma fachada ornamentada desafiam os ventos de forma imponente. Parece coroar um canto do Himalaia, mas é um templo budista tibetano escondido nas montanhas do sudeste do Uruguai.

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A "Fortaleza del León" é um dos poucos monastérios da região que faz parte da rede internacional de centros budistas cuja origem é o Chagdud Gonpa, fundado no Tibete no século XV.

“Inspire. Exale. De novo e de novo. Suavemente”, diz Pema Gompo, o protetor do monastério, em uma sessão organizada para um grupo de visitantes.

Os visitantes escutam com atenção, fazem perguntas sobre alguns conceitos e agradecem quando saem. Esse é o final de uma visita guiada de seis horas que o centro oferece um domingo por mês por um voucher de colaboração de 3.100 pesos por pessoa (valor em 407 reais na cotação atual), com almoço incluído.

Para Gonzalo Berenguer, um uruguaio aposentado de 64 anos, a experiência foi "muito enriquecedora", não apenas pela paisagem "mágica", mas também por poder ter um contato com o budismo sem ter que viajar para a Ásia.

- A visão -

O templo foi construído com pedras locais abençoadas uma a uma com um mantra, depois que Chagdud Tulku Rinpoche Lama Chagdud, fundador da rede Chagdud Gonpa, visitou a área em 2000.

A realização do sonho começou em 2001, quando o projeto foi iniciado com fundos de apoiadores e praticantes. A AFP visitou o local em 2005 e o templo ainda não estava concluído, mas já havia casas com telhados de pagode para retiros espirituais.

“O investimento deve ser de cerca de 2 milhões de dólares (valor em 10,8 milhões de reais na cotação atual) ou mais”, diz Pema Gompo, ressaltando que a Chagdud Gonpa Foundation é uma organização sem fins lucrativos e que as doações vieram principalmente da Ásia.

Chagdud Tulku Rinpoche, exilado do Tibete em 1959, radicado nos Estados Unidos em 1979 e estabelecido no sul do Brasil na década de 1990, não viveu para ver a sede no Uruguai: ele morreu em 2002, aos 72 anos de idade.

Sua esposa e discípula, Chagdud Khadro, assumiu a direção espiritual da organização, que tem mais de cem centros, vários deles em países como EUA e Brasil.

- Em busca da felicidade -

A "Fortaleza del León" transmite os ensinamentos do budismo tibetano da escola Vajrayana, em particular a linhagem Nyingmapa.

Pessoas do Uruguai, Argentina, Peru, Chile, Paraguai, Colômbia já pediram ajuda ao templo em busca de "uma maior felicidade", afirma Pema Gopo.

"É impressionante a quantidade de gente que traz o tema do suicídio", diz o argentino de 77 anos, que antes trabalhava com finanças no exterior e agora vive no templo como colaborador.

Atualmente não há praticantes residentes, no entanto, o centro oferece retiros espirituais com duração de um fim de semana.

Pema Gompo menciona a agitação causada há alguns anos pela visita de Tsoknyi Rinpoche, o guia espiritual do ator americano Richard Gere.

"Os jornalistas queriam subir a montanha", lembra, sem dizer se Gere, um famoso seguidor do budismo e ativista dos direitos tibetanos, estava no templo uruguaio.

A.Kenny--MP