ONG projeta 170 feminicídios na Venezuela no encerramento de 2024
A ONG Utopix, referência sobre a violência contra a mulher na Venezuela pela falta de dados oficiais, projeta 170 feminicídios no país no encerramento de 2024, disse à AFP a coordenadora do registro de vítimas neste sábado (21).
A Utopix publicou na sexta-feira um primeiro balanço de 155 mortes violentas de mulheres entre janeiro e outubro, período no qual também foram reportadas 184 tentativas de feminicídio.
"Vendo a quantidade de casos em novembro e até o momento em dezembro, quando provavelmente houve 15 casos contabilizados e em dezembro, um pouquinho mais, acredito que serão mais de 170 femincídios contabilizados em 2024", projetou Aimee Zambrano.
A Venezuela aprovou em 2007 a Lei Orgânica sobre o Direito das Mulheres a uma Vida Livre de Violência, mas organizações feministas concordam em que sua aplicação é deficiente.
Zambrano destacou a criação, este ano, do programa social Grande Missão Venezuela Mulher, com um "vértice orientado à erradicação da violência contra a mulher e à justiça de gênero".
"Mas quando você se volta para a quantidade de casos referentes ao que é a violência de gênero, vemos que continua igual", destacou.
A organização tem insistido na necessidade de um plano emergencial para atender o aumento da violência baseada no gênero.
"Que todo corpo do Estado não se volte apenas à mitigação do que é a violência de gênero, mas também à prevenção porque é uma problemática generalizada no nosso país", disse.
"Cada município deveria ter uma casa de acolhida e em cada município deveria haver uma casa da mulher ou um instituto da mulher, que atenda estas problemáticas, não é algo que eu esteja inventando, é algo que está na lei", acrescentou.
Os dados oficiais sobre a violência de gênero na Venezuela são escassos.
Um informe da associação civil franco-argentina MundoSur, com a colaboração de várias organizações, inclusive a Utopix, situa a Venezuela como o sétimo país latino-americano com mais feminicídios no primeiro semestre de 2024, embora longe do Brasil que, com dez vezes mais casos, lidera o índice, que não inclui o México.
M.P.Huber--MP