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Vinícius Júnior se torna símbolo da luta contra o racismo
Vinícius Júnior se torna símbolo da luta contra o racismo / foto: Thomas COEX - AFP

Vinícius Júnior se torna símbolo da luta contra o racismo

Um dos atacantes mais letais dentro de campo, Vinícius Júnior, do Real Madrid, se tornou um símbolo da luta contra o racismo que causa impacto também fora das quatro linhas.

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O brasileiro, de 22 anos, conseguiu apoio global depois de ter sido alvo de insultos racistas no último domingo (21), no estádio Mestalla, na cidade espanhola de Valência.

Vini não hesitou em enfrentar os torcedores do Valencia que o chamavam de "macaco", antes de escrever nas redes sociais, após a partida, que o "racismo é normal na LaLiga".

O jogador publicou várias mensagens condenando os contínuos insultos que recebe, atraindo a atenção internacional sobre suas denúncias.

A ascensão de Vinícius Júnior nas últimas duas temporadas foi meteórica, à altura das expectativas geradas desde que foi contratado em 2018, junto ao Flamengo, por 46 milhões de euros (R$ 164 milhões, na cotação da época).

Nascido em São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro, Vinícius José Paixão de Oliveira Júnior não demorou a se destacar como um jovem talento que unia uma rara habilidade com uma velocidade explosiva, que o levou a ser o jogador mais jovem, naquele momento, a estrear no time profissional do clube carioca, aos 16 anos.

O Real Madrid foi em busca de sua contratação chegando a um acordo em 2017 para sua futura apresentação no ano seguinte, levando em conta o sucesso da chegada de Neymar ao Barcelona em 2013.

Quando o grande astro do time merengue, Cristiano Ronaldo, saiu para a Juventus após a Copa do Mundo de 2018, Vini se tornou o nome natural para preencher essa lacuna, mas o jovem brasileiro, então com 18 anos, demorou a encontrar consistência.

Com apenas 14 gols em 118 jogos nas primeiras três temporadas, o baixo aproveitamento nas finalizações do atacante virou motivo de piada entre os torcedores rivais.

Mas, na temporada 2021/2022, com o retorno do veterano técnico Carlo Ancelotti ao comando do Real Madrid, Vinícius melhorou seu rendimento drasticamente, com 22 gols, entre eles o que deu o título da Liga dos Campeões na final contra o Liverpool.

A evolução do brasileiro continuou na atual temporada, na qual já balançou as redes 23 vezes.

"Quando ele chegou aqui, principalmente na primeira etapa, tinha uma pressão tremenda. Era 'meme', que não fazia gols, que driblava mas não finalizava... Tão jovem receber essas críticas..." lembrou seu companheiro de equipe Dani Carvajal, no início de maio.

"Ele deu a volta por cima e agora está entre os três ou quatro melhores do mundo. É algo que vi poucas vezes. Tudo o que ele conquistou até agora foi merecido", acrescentou.

- Antecedentes -

O desempenho de Vinícius cresceu acompanhado, no entanto, dos insultos em muitos estádios na Espanha. A gota d'água aconteceu em Valência, e Ancelotti pediu "medidas drásticas" contra o racismo.

A decisão do brasileiro de enfrentar os torcedores atraiu os holofotes de todo o mundo sobre o racismo no futebol espanhol, denunciado durante anos por jogadores e associações antirracistas, que consideram que o problema nunca foi levado a sério.

Diretamente responsabilizada, a LaLiga se defendeu alegando que não tem poder suficiente para aplicar punições. A organizadora do Campeonato Espanhol afirma ter feito oito denúncias nesta temporada por ataques contra Vinícius que, em sua maioria, não geraram consequências aos agressores.

Nesta terça-feira, a polícia espanhola deteve três jovens em Valência, suspeitos de proferirem insultos racistas contra o atacante brasileiro, e outros quatro indivíduos foram presos em Madri, suspeitos de terem pendurado um boneco com a camisa de Vinícius em uma ponte da cidade.

O comportamento racista nos estádios espanhóis não é uma novidade e o ex-atacante camaronês do Barcelona Samuel Eto'o - alvo recorrente de insultos na década de 2000 - já tinha avisado que a onda de preconceito estava crescendo no país.

"Não jogo mais!", chegou a declarar Eto'o depois de ser insultado por torcedores durante um jogo contra o Zaragoza em 2006.

Anos depois, em 2014, o lateral brasileiro Daniel Alves comeu uma banana atirada no campo e, mais recentemente, o atacante do Athletic Bilbao Iñaki Williams, de origem ganesa, também foi alvo de insultos racistas em um jogo contra o Espanyol.

Mas o desabafo de Vinícius parece ter desencadeado uma onda de reações jamais vista.

"As instituições têm uma oportunidade, principalmente agora, para tomar medidas radicais nesta questão importante", reiterou nesta terça-feira o técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti.

F.Bauer--MP