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Entre negociações e ataques, risco de default dos EUA continua
Entre negociações e ataques, risco de default dos EUA continua / foto: SAUL LOEB - AFP

Entre negociações e ataques, risco de default dos EUA continua

Faltando quase uma semana para a data limite antes de um potencial calote dos Estados Unidos sobre sua dívida, a Casa Branca e a oposição republicana oscilaram entre negociações e ataques nesta quarta-feira (24).

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Faz semanas que oposição e governo negociam um aumento do limite de endividamento dos Estados Unidos, sem o qual o Estado federal corre o risco de ficar sem dinheiro para honrar seus compromissos.

"É uma crise fabricada", afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, nesta quarta, criticando a recusa dos conservadores do Congresso a votar pela elevação do teto da dívida dos Estados Unidos, indispensável para evitar a moratória.

Enquanto as negociações entre governo e oposição continuavam, a porta-voz direcionou sua artilharia contra a ala mais à direita do Partido Republicano.

"Agora eles dizem em voz alta tudo o que pensavam em voz baixa", acusou Jean-Pierre, ao reiterar, pela enésima vez, que os republicanos estão fazendo a credibilidade financeira dos Estados Unidos "de refém", em alusão a declarações recentes de um legislador republicano da Câmara dos Representantes.

Enquanto isso, o presidente Joe Biden propôs congelar alguns gastos públicos em seus níveis atuais, o que reduziria o déficit fiscal em um trilhão de dólares (R$ 4,94 trilhões, na cotação atual) adicionais em dez anos, informou a secretária do Tesouro, Janet Yellen, nesta quarta.

As economias propostas por Biden deveriam minimizar as diferenças entre os planos de republicanos e democratas em matéria de gastos públicos, o foco da desavença que mantém os Estados Unidos contando os dias para um default.

- Tique-taque -

A secretária do Tesouro frisou, mais uma vez, que o governo poderia ficar sem recursos suficientes em 1º de junho.

"O plano orçamentário do presidente, na realidade, propõe uma redução do déficit de 3 trilhões de dólares [R$ 14,8 trilhões] em dez anos", disse Yellen em evento do jornal The Wall Street Journal nesta quarta-feira.

"Nesta negociação, o presidente ofereceu mudanças que poderiam resultar em uma redução adicional do déficit de mais um trilhão de dólares", explicou.

Os republicanos argumentam que seus planos de gastos reduzem o déficit em 4,8 trilhões de dólares (R$ 23,7 trilhões) em uma década, sem cortes para Defesa e segurança fronteiriça.

A Casa Branca, no entanto, quer distribuir os cortes para não sobrecarregar alguns setores, e quer aumentar alguns impostos, o que os republicanos são contra.

O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy, que está à frente das conversas com Biden e das demandas de cortes de gastos da oposição, assinalou que poderia haver "progressos hoje", em alusão às tratativas em curso nesta quarta. No entanto, voltou a acusar o governo de esperar até o último minuto para negociar.

- Risco de default -

Para eliminar o risco de um calote, o Congresso deve aumentar o limite de endividamento do país. O Senado é controlado pelos democratas, enquanto a Câmara está sob a batuta dos republicanos.

O chamado "teto da dívida", de mais de 31 trilhões de dólares (R$ 153 trilhões), foi alcançado em janeiro, mas o governo federal conseguiu gerenciar a situação até agora através de manobras contábeis.

Se não honrarem com suas obrigações, os Estados Unidos já não poderão pagar os detentores de títulos do Tesouro, um ativo de segurança das finanças mundiais. O governo tampouco poderia pagar subsídios ou pensões, por exemplo.

Isso seria catastrófico para a economia mundial, advertem os economistas.

G.Vogl--MP