Presidente francês Macron visita vítimas de ataque com faca em Annecy
O presidente francês, Emmanuel Macron, visitou nesta sexta-feira (9) as vítimas do ataque com faca cometido na véspera em Annecy (leste) por um refugiado sírio, que deixou seis feridos, entre eles quatro crianças pequenas.
"Depois do atentado ocorrido ontem, o presidente da República e a sua esposa visitam hoje as vítimas e suas famílias, assim como todas as pessoas que contribuíram em Annecy para lhes prestar ajuda e apoio", anunciou a Presidência francesa.
O chefe de Estado chegou a Grenoble acompanhado de sua esposa, Brigitte Macron.
Três dos quatro menores feridos neste ataque que chocou a França estão hospitalizados, apurou um jornalista da AFP.
O porta-voz do governo, Olivier Véran, disse nesta sexta-feira que dois dos quatro menores feridos permanecem em estado crítico. Ele pediu prudência e que se espere pelo resultado da investigação, no momento em que vários políticos de direita e de extrema direita miram na "imigração em massa".
Os quatro menores "puderem ser operados e estão sob monitoramento médico permanente", informou a primeira-ministra Élisabeth Borne, que ontem se reuniu em Annecy com autoridades policiais e da Justiça que participaram da detenção do agressor.
Abdalmasih H., cidadão sírio que obteve asilo na Suécia em 2013, esfaqueou seis pessoas, incluindo quatro crianças de 1 a 3 anos, na manhã de quinta-feira perto do turístico Lago Annecy, por motivos ainda desconhecidos.
O homem, que carregava uma cruz e disse "em nome de Jesus Cristo" durante o ataque, não estava sob a influência de drogas ou álcool e não tinha antecedentes criminais ou histórico de problemas mentais conhecidos.
"A investigação em andamento permitirá determinar a motivação", disse a promotora de Annecy, Line Bonnet-Mathis, na quinta-feira, descartando por enquanto um ato com motivação terrorista.
O agressor está sob custódia policial desde sua prisão logo após o ataque e, nesta sexta-feira, deve passar por um exame psiquiátrico, disse o ministro do Interior, Gérald Darmanin. Segundo a emissora local da France Bleu, o homem ainda não havia sido interrogado, já que está "agitado" e até "se revira no chão" da delegacia.
Darmanin descreveu na quinta-feira como uma "coincidência perturbadora" o fato de o ataque ter ocorrido dias depois que as autoridades francesas rejeitaram seu pedido de asilo, solicitado em novembro de 2022, porque ele já tinha proteção concedida pela Suécia.
Sua ex-mulher na Suécia, com quem teve uma filha de três anos, disse à AFP que ele deixou o país porque "não conseguiu obter a nacionalidade sueca".
O agressor sofria de uma "profunda depressão", segundo sua mãe, que mora nos Estados Unidos. A rejeição da nacionalidade, a princípio por ter estado no Exército sírio, “talvez o tenha deixado louco”, acrescentou.
- 'Noite difícil' -
A precariedade do exílio "aumenta a vulnerabilidade psicológica", disse à AFP Andrea Tortelli, psiquiatra especialista em saúde mental de imigrantes, advertindo contra "confundir" migração e atos violentos, porque isso é algo "pouco comum".
"Muitas frequentemente, sofreram violência ou viveram situações violentas, como conflitos", "experimentaram a imigração forçada com seus perigos" antes de "chegarem à Europa, onde enfrentam uma política migratória que os coloca em dificuldades psicológicas", explicou.
À espera de respostas, dezenas de cidadãos de Annecy, em prantos, chegam para depositar flores brancas, bichos de pelúcia, velas ou deixar mensagens de apoio em um pequeno memorial improvisado no local do atentado, onde as crianças voltaram a brincar horas depois do drama.
Leo Ganassali, um comerciante de 21 anos, foi com o irmão mais novo depositar um enorme buquê de flores após uma "noite difícil".
“Não estamos preparados” para acontecimentos como este, confessou o jovem, emocionado, nesta pacata cidade de cerca de 140 mil habitantes.
"Eu me vejo aqui, criança, brincando neste parque, e vê-lo de luto hoje é muito, muito complicado", acrescentou.
"Este parque é o meu parque, o nosso parque, o mais bonito de Annecy", disse uma senhora de 60 anos, que não quis revelar o seu nome, destacando a "emoção" palpável no ar.
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A.Kenny--MP