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Efeito Chevron: Venezuela aumenta produção de petróleo mas esbarra em teto baixo
Efeito Chevron: Venezuela aumenta produção de petróleo mas esbarra em teto baixo / foto: Yuri CORTEZ - AFP/Arquivos

Efeito Chevron: Venezuela aumenta produção de petróleo mas esbarra em teto baixo

Impulsionada pela autorização dos Estados Unidos à gigante Chevron para operar na Venezuela, apesar das sanções de Washington, a produção de petróleo do país caribenho se recupera e ultrapassa 800 mil barris diários (bd), mas especialistas ressaltam que este aumento irá se chocar com um teto difícil de romper.

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A Venezuela reportou uma produção de 819.000 bd em maio, seis meses após a licença concedida à Chevron, segundo relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) divulgado nesta terça-feira (13). No mês anterior, a cifra havia ultrapassado 800.000 bd pela primeira vez em 16 meses.

Os números, porém, estão a anos-luz dos melhores momentos da indústria petroleira local: a oferta do país que detém as maiores reservas de petróleo do mundo superava 3,2 milhões de bd há duas décadas. Em 2022, fechou em 650.000 bd.

Quando a licença saiu, a produção dos quatro projetos conjuntos da Chevron-PDVSA "estava em seu nível mais baixo", de 50.000 bd, aponta Pilar Navarro, economista da EMFI Securities, com sede no Reino Unido. "Atualmente, encontra-se em torno de 120 mil barris", o que representa cerca de 15% da oferta venezuelana.

- Mais problemas do que o previsto -

Pilar destaca que "a Chevron encontrou muito mais problemas do que esperava", devido à deterioração da infraestrutura e à politização da indústria. Segundo o provedor de dados Argus Media, a multinacional americana revisou para baixo suas previsões, reduzindo de 200.000 bd para 175.000 bd sua estimativa de produção no país até o fim do ano.

A indústria petroleira venezuelana entrou em colapso devido à falta de investimentos. Além disso, a PDVSA está envolvida em um escândalo de corrupção que levou à prisão de dezenas de funcionários desde março e à renúncia do ministro do Petróleo, o poderoso Tareck El Aissami, que desapareceu da vida pública.

- Expectativa x realidade -

Até 2018, antes do embargo imposto um ano depois, a Venezuela enviava 500 mil bd para os Estados Unidos e recebia daquele país 120 mil bd de petróleo leve e diluentes para processar seu petróleo pesado. A licença concedida à Chevron permitiu retomar a importação de diluentes.

Atualmente, com as licenças da Chevron e de outras empresas petroleiras, os Estados Unidos são o destino de 24% do petróleo bruto venezuelano, segundo dados apresentados por Francisco Monaldi, diretor do Programa Latino-Americano de Energia do Centro de Estudos Energéticos do Baker Institute, em um fórum da consultoria venezuelana Ecoanalytic. A China recebe 62%.

O atual ministro do Petróleo, Pedro Tellechea, propôs a elevação da produção total do país para 1 milhão de barris, meta vista com ceticismo por especialistas. Teria que haver "licenças mais amplas", ressalta Pilar Navarro. Se não houver uma nova flexibilização das sanções, o teto da produção ficaria em torno de 850 mil bd, ressaltou Francisco Monaldi.

O efeito Chevron, no entanto, é importante para a frágil economia venezuelana, uma vez que uma fração da receita da empresa vai para o mercado cambial, para honrar compromissos na moeda local, explica Hermes Pérez, professor universitário e ex-chefe da mesa de câmbio do Banco Central.

- Status quo -

Os Estados Unidos renovaram no mês passado as licenças para Halliburton, Schlumberger Limited, Baker Hughes e Weatherford International operarem na Venezuela, enquanto o governo Joe Biden se declarou disposto a levantar progressivamente as sanções se as negociações entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição resultarem em acordos para as eleições presidenciais do ano que vem na Venezuela.

Com as negociações congeladas, "não vejo incentivos para que sigam ampliando as licenças no setor petroleiro venezuelano, tampouco vejo vontade do governo Biden de aumentar a pressão", diz Pilar Navarro, ressaltando que acredita que a Casa Branca aposta em manter o status quo, em um mercado petroleiro abalado pelas sanções contra a Rússia por ter invadido a Ucrânia.

S.Kraus--MP