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Banco Central reduz Selic em 0,5%, o primeiro corte em 3 anos
Banco Central reduz Selic em 0,5%, o primeiro corte em 3 anos / foto: PEDRO LADEIRA - AFP/Arquivos

Banco Central reduz Selic em 0,5%, o primeiro corte em 3 anos

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu, nesta quarta-feira (2), a Selic, sua taxa básica de juros, em 0,5 ponto percentual, para 13,25%, o primeiro corte em três anos, que inicia um ciclo de "flexibilização".

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Após um ano sem mudanças na taxa básica de juros, o Copom avaliou que "a melhora do quadro inflacionário" proporcionou a "confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária", informou o BCB em nota.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem insistido reiteradamente, desde que assumiu em janeiro, na redução dos juros para baratear o crédito e fomentar o consumo e os investimentos.

O corte de 0,5% decidido pelo Copom foi antecipado por boa parte do mercado em um levantamento entre mais de 100 consultorias e instituições financeiras feito pelo jornal econômico Valor, embora a maioria previsse uma redução menor, de 0,25%.

"Enquanto grande parte do mercado esperava 0,25%, tivemos uma surpresa", disse à AFP Vinicius Romano, analista da consultoria Suno Research.

O comitê de política monetária "avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros para 13,50%, mas considerou ser apropriado adotar ritmo de queda de 0,50 ponto percentual nesta reunião em função da melhora do quadro inflacionário", diz o comunicado.

A inflação vem perdendo força nos últimos meses: em junho, caiu para 3,16% em 12 meses, o nível mais baixo desde setembro de 2020.

O Copom prevê uma "redução de mesma magnitude nas próximas reuniões", mas ressaltou que a dimensão do corte "total do ciclo de flexibilização" dependerá de como vai evoluir a inflação.

- 'Diálogo de natureza absolutamente técnica' -

O ministro de Fazenda, Fernando Haddad, elogiou a decisão do Copom e disse que é resultado de um "diálogo de natureza absolutamente técnica", entre o Banco Central e sua pasta.

"Temos um compromisso com o combate à inflação e também com a responsabilidade fiscal", garantiu Haddad.

"A inflação está controlada, a economia vai começar a se replanejar. Os atores, investidores, consumidores e as famílias vão começar a se replanejar por um Brasil de crescimento sustentável, do ponto de vista fiscal, social e ambiental", acrescentou o ministro.

Mais cedo, Lula havia dito que o Copom já deveria ter reduzido a taxa "três reuniões atrás" e voltou a criticar o presidente do BC, Roberto Campos Neto: "Não entende de Brasil e não entende de povo", afirmou horas antes do anúncio.

O mercado espera um crescimento de 2,24% do PIB para este ano, segundo as previsões do boletim Focus do Banco Central.

Esta é a primeira vez em três anos que o BCB aplica um corte na Selic. A última, em agosto de 2020, foi uma redução de 0,25%, que situou a taxa básica em 2%, com o objetivo de impulsionar uma economia fortemente afetada pela pandemia de covid-19.

A taxa de juros estava em 13,75% desde agosto do ano passado, quando o Copom interrompeu o ciclo de alta iniciado em março de 2020, partindo do mínimo histórico de 2%.

Contudo, mesmo com a redução desta quarta, a taxa de juros do Brasil continua sendo a mais alta do mundo em termos reais, ou seja, descontando a inflação, segundo o site especializado MoneYou.

Em um comunicado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) louvou a decisão do Copom de reduzir a taxa, pois os juros altos "têm comprometido significativamente a atividade econômica em 2023", afirmou.

O clima vem melhorando para a economia brasileira. Na semana passada, a agência de classificação de risco Fitch elevou a nota da dívida soberana do Brasil de BB- para BB, devido a "um desempenho macroeconômico e fiscal melhor do que o esperado".

F.Koch--MP