Economia brasileira cresce 0,9% no segundo trimestre
A economia brasileira cresceu 0,9% no segundo trimestre em relação ao primeiro, e surpreendeu o mercado, que esperava dados bem inferiores. O Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 3,4% comparado ao mesmo período de 2022, informou nesta sexta-feira (1º) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No primeiro semestre do ano, cresceu 3,7%, coincidindo com o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"O maior crescimento foi o da Indústria (0,9%), seguida de Serviços (0,6%), enquanto a atividade agropecuária retrocedeu 0,9%", destaco o instituto.
O resultado de 1,9% do PIB no primeiro trimestre em relação ao anterior foi corrigido para 1,8%. Essa marca superou as expectativas do mercado devido ao baixo desempenho do setor agropecuário.
O resultado entre abril e junho voltou a ficar acima das previsões, que desta vez anteciparam uma forte baixa, a 0,3%, segundo a média dos cálculos de mais de 70 consultoras e instituições financeiras consultados pelo jornal Valor.
"O dado sugere que a economia (brasileira) se encontra em um estado de saúde mais robusto que muitos -incluindo nós mesmos- pensávamos", disse William Jackson, da consultora Capital Economics.
Este é o oitavo trimestre consecutivo de expansão da economia brasileira, segundo a série do IBGE.
Ainda desacelerada, a atividade se mostrou resiliente, em particular, na indústria extrativa (1,8%) e serviços financeiros (1,3%). Por outro lado, o consumo das famílias avançou 0,9%.
Nos quatro trimestres até junho, o PIB cresceu 3,2%, em comparação aos quatro anteriores.
- Taxas altas, um obstáculo -
Desde que assumiu o poder em janeiro, Lula tem se queixado das taxas que esfriam o crescimento econômico ao encarecer o crédito e o consumo.
As autoridades do Banco Central (BCB) mantiveram a taxa Selic em 13,75% por um ano até o início de agosto, quando anunciaram a primeira queda em três anos, para 13,25%, e o início do ciclo de "flexibilidade". O mercado projeta a Selic em 11,75% no final do ano, segundo pesquisa Focus do BCB.
A inflação, principal motivo da política de ajuste monetário que elevou as taxas, moderou-se após atingir dois valores em 2022: a taxa acumulada nos 12 meses até julho ficou em 3,99%. E as estimativas colocam-na em 4,9% até ao final do ano, um pouco acima da meta da autoridade monetária (4,75%).
Com a inflação controlada e o nível "absurdo" do preço do dinheiro corrigido, segundo as críticas de Lula, o Brasil vai crescer de forma sólida, prometeu o presidente no início de agosto.
Os dados do desemprego, que caiu para 7,9% entre maio e julho, e a renda média de 2.935 reais "têm sido importantes para impulsionar o consumo das famílias", disse Rafael Perez, economista da Suno Research.
Portanto, "o mercado de trabalho continua a ser um dos pilares da atividade econômica este ano", acrescentou.
De fato, o crescimento no segundo trimestre (0,9%) superou os 0,6% esperados, segundo previsões apuradas pelo jornal Valor.
O banco Santander Brasil prevê crescimento de 1,9% do PIB em 2023, com a ajuda do setor agrícola, que espera uma colheita com recordes históricos, detalhou o economista do banco Gabriel Couto em um informe.
O mercado prevê alta de 2,31% do PIB até o final do ano, segundo estimativas da pesquisa Focus do BCB.
F.Bauer--MP