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'Genocídio' dos povos originários nos EUA 'continua', denuncia atriz Lily Gladstone
'Genocídio' dos povos originários nos EUA 'continua', denuncia atriz Lily Gladstone / foto: Andrea RENAULT - AFP

'Genocídio' dos povos originários nos EUA 'continua', denuncia atriz Lily Gladstone

O "genocídio" dos povos nativos "continua" nos Estados Unidos, denuncia a atriz de origem indígena Lily Gladstone em "O Rito da Dança", filme sobre o desaparecimento de uma mulher de uma tribo em Oklahoma.

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Lançada ao estrelato em 2023 por seu papel em "Assassinos da Lua das Flores", de Martin Scorsese, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, Lily Gladstone é a protagonista deste filme que começou a ser exibido na sexta-feira (21) em alguns cinemas dos Estados Unidos, após ser apresentado no ano passado no festival de cinema independente de Sundance.

A partir de 28 de junho, poderá ser visto na plataforma de streaming Apple TV+.

Dirigido por Erica Tremblay, membro da nação Seneca-Cayuga, o longa também foi escrito, produzido e interpretado quase exclusivamente por mulheres indígenas.

A força dessa ficção, que mais parece um documentário, é "mostrar nossas necessidades como mulheres indígenas, em particular perante a epidemia de desaparecimentos e assassinatos das pessoas indígenas", declarou Gladstone à AFP em uma apresentação para a imprensa.

Para a atriz de 37 anos, originária da reserva Blackfeet em Montana (noroeste), esses desaparecimentos e homicídios que nunca são esclarecidos não são nada mais que o "genocídio" dos povos nativos, iniciado nos Estados Unidos com a chegada dos primeiros colonos europeus nos séculos XVI e XVII.

Em "O Rito da Dança", Lily Gladstone interpreta Jax, uma mulher só e pobre, membro da nação Seneca-Cayuga em Oklahoma (sul) e cuja irmã desapareceu.

Ao se deparar com a indiferença da polícia federal (FBI) e a falta de recursos que atrapalha a investigação de seu irmão, um oficial de polícia da reserva interpretado por Ryan Begay, Jax decide empreender uma busca por sua irmã.

Em sua jornada, ela é ajudada por sua jovem sobrinha (Isabel Deroy-Olson), que espera encontrar sua mãe desaparecida para um grande pow-wow, uma reunião tradicional de nações e tribos nativas americanas.

- Epidemia de desaparecimentos -

No estado de Oregon (noroeste), os desaparecimentos de mulheres indígenas foram elevados à categoria de "emergência" em um relatório oficial em 2019.

Contudo, mais de quatro anos depois, os avanços nas investigações continuam sendo "limitados", conforme denunciou na semana passada a revista de jornalismo investigativo americana InvestigateWest.

Na última década, autoridades federais e regionais dos Estados Unidos tomaram consciência do número desproporcional de desaparecimentos e assassinatos de indígenas, sobretudo mulheres, informa a publicação com sede em Seattle, no estado de Washington (noroeste).

Com base em estimativas oficiais, a InvestigateWest afirma que, em todo o país, "milhares" de casos de indígenas desaparecidos ou assassinados continuam sem solução. E para as mulheres de entre 1 e 45 anos, o homicídio é uma das principais causas de morte.

"Um genocídio só é interrompido se consegue o seu objetivo ou se acabamos com ele", analisa a diretora Erica Tremblay, para quem isso se deve particularmente à incapacidade "jurisdicional" das tribos e nações nativas americanas para "perseguir esses crimes", analisa.

Para Lily Gladstone "a situação não vai melhorar até que essas lacunas jurisdicionais sejam preenchidas, se restabeleça a soberania e os indígenas estejam em condições [...] de recuperar [suas] terras".

A.Weber--MP