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Público e imprensa poderão ver os vídeos do julgamento por estupro na França
Público e imprensa poderão ver os vídeos do julgamento por estupro na França / foto: Miguel Medina - AFP/Arquivos

Público e imprensa poderão ver os vídeos do julgamento por estupro na França

O público e a imprensa poderão ver os vídeos e fotografias dos estupros contra Gisèle Pelicot na França, autorizou, nesta sexta-feira (4), o presidente do tribunal, voltando atrás de uma decisão anterior à qual a vítima se opunha.

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Desde 2 de setembro, o tribunal de Avignon, no sul da França, julga 51 homens por estuprar, em sua maioria, essa mulher de 71 anos, entre eles seu marido, Dominique Pelicot, que a drogava para adormecê-la e estuprá-la junto de desconhecidos.

Os vídeos e imagens das agressões sexuais, que o marido gravou durante uma década, foram cruciais para identificar o restante dos acusados que podem enfrentar até 20 anos de prisão neste julgamento, que rodou o mundo.

Embora, em um primeiro momento, o tribunal tenha mostrado as imagens na presença da imprensa e do público que segue o julgamento, há duas semanas voltou atrás devido ao caráter "indecente e chocante" das imagens.

Mas Gisèle Pelicot, que no início do julgamento se opôs à decisão de que o julgamento fosse realizado às portas fechadas para que "a vergonha mude de lado", rejeitou, através de seus advogados, que as imagens fossem projetas apenas na presença dos acusados, partes civis, advogados e magistrados.

"Vitória", qualificaram, nesta sexta-feira, seus advogados depois que o presidente do tribunal, Roger Arata, anunciou a mudança de decisão após um debate de duas horas sobre o tema e uma deliberação de 90 minutos dos juízes.

"Para Gisèle Pelicot, já é muito tarde, o mal está feito", mas, se a divulgação das imagens "permite evitar que outras mulheres passem pelo mesmo, então, encontrará um sentido para o seu sofrimento", assegurou seu advogado, Stéphane Babonneau.

- "Não será sistemática" -

Vários advogados dos acusados se opuseram com força à divulgação público dentro do tribunal. Na França, os julgamentos não são transmitidos na televisão e seu conteúdo só pode ser acessado assistindo pessoalmente ou pelas crônicas na imprensa.

"A Justiça não precisa disso. Que sentido tem essas projeções nojentas? Tivemos direito a uma projeção do primeiro caso. Não bastava uma?", defendeu em vão o advogado Olivier Lentalme, que defende um dos acusados que reconhece os crimes.

Os vídeos "fazem com que se derrube a teoria de um estupro por acidente", demonstram que "se tratava de degradar, humilhar, sujar, uma questão de ódio contra as mulheres", destacou Antoine Camus, o outro advogado da vítima.

O presidente do tribunal indicou que a divulgação das imagens, que será antecedida por um aviso para que as pessoas sensíveis e menores saiam da sala, "não será sistemática" e acontecerá apenas quando for necessário para elucidar a verdade e for solicitado por uma das partes.

H.Klein--MP