Dez anos depois, seleção brasileira volta a ter psicóloga
Após dez anos sem um psicólogo na seleção masculina, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou a contratação de uma especialista para cuidar da saúde mental dos jogadores que vão lutar pelo hexa.
A psicóloga Marisa Santiago foi apresentada ontem e a sua chegada foi celebrada nesta terça-feira pelo atacante Richarlison. Ele afirmou que a terapia salvou a sua vida depois de uma crise que sofreu no ano passado devido a críticas ao seu desempenho e a problemas pessoais.
"Salvou minha vida de uma hora para a outra, estava no fundo do poço mesmo, sabe? É importante a seleção ter um psicólogo para ajudar os atletas. Só a gente sabe a pressão que sofre, não só dentro, mas também fora de campo", disse o atacante do Tottenham durante entrevista coletiva em Londres.
O Brasil se prepara na capital inglesa para os amistosos que disputará contra a Inglaterra, em Wembley, no sábado, e contra a Espanha, na terça-feira, em Madri, na estreia de Dorival Júnior como treinador.
A seleção brasileira não tem um psicólogo desde 2014, em meio à pressão crescente devido a um jejum de mais de duas décadas sem conquistar o título mundial e a um 2023 decepcionante.
O último técnico a contar com um especialista na área foi Luiz Felipe Scolari, que integrou a especialista Regina Brandão ao seu grupo de trabalho visando à Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Mas ambos deixaram suas funções após a eliminação histórica diante da Alemanha (7-1) nas semifinais.
Ao contrário de inúmeras seleções e clubes de elite, seus sucessores, Dunga (2014-16), Tite (2016-22) e Fernando Diniz (2023), este formado em psicologia, não contavam com especialistas na área.
"Todos nós, seres humanos, somos pessoas que buscamos procurar estratégias para superar as nossas dificuldades, e isso não é diferente com atletas", diz Marisa Santiago em um vídeo divulgado nesta terça-feira pela CBF.
Assim como os demais integrantes da comissão técnica, Marisa trabalhará quando a equipe se reunir, segundo a CBF, que deu a ela a missão de "ajudar os atletas a lidar com questões emocionais, para que tenham o melhor desempenho dentro de campo".
O cuidado com a saúde mental dos atletas ganhou espaço nos últimos anos, principalmente depois que grandes nomes do esporte, como a ginasta norte-americana Simone Biles, a tenista japonesa Naomi Osaka e o ciclista holandês Tom Dumoulin, chamaram atenção para o assunto.
Frequentemente questionado sobre suas atitudes dentro e fora de campo, o craque Neymar colocou em dúvida seu futuro esportivo em 2021, explicando que não sabia se, após o fracasso na Copa do Mundo de 2022 no Catar, teria "força mental para continuar jogando futebol".
Devido a uma lesão séria, o maior artilheiro da história da Seleção vai ficar de fora dos amistosos contra Inglaterra e Espanha, preparatórios para a Copa América que será disputada nos Estados Unidos entre 20 de junho e 14 de julho.
C.Maier--MP