Alemanha organiza Euro com estádios modernos, mas preocupada com a segurança
Para sediar com sucesso a Eurocopa de 14 de junho a 14 de julho, a Alemanha conta com o legado da Copa do Mundo de 2006, com seus estádios modernos e sempre lotados, mas com a grande preocupação com a segurança, em meio a um contexto geopolítico tenso.
. Legado de 2006
A última vez que a Alemanha recebeu um grande torneio de futebol foi em 2006, com uma Copa do Mundo muito bem organizada pelas mãos de Franz Beckenbauer e cinco semanas de clima de festa em todo o país.
Para esse Mundial, muitos estádios foram amplamente reformados, incluindo o Estádio Olímpico de Berlim, construído para os Jogos de 1936 e cujas obras duraram quatro anos (2000 a 2004) para modernizar o palco da final, onde a Itália derrotou a França nos pênaltis.
Outros estádios foram construídos do zero, como a Allianz Arena, no norte de Munique, que é a casa do Bayern desde a temporada 2005/2006.
Dentro de seis dias, o estádio da Baviera será o epicentro do futebol europeu, quando ali acontecer o jogo de abertura entre Alemanha e Escócia.
Esses estádios foram o grande legado deixado pela Copa do Mundo e, quase duas décadas depois, das dez sedes dos 51 jogos da Eurocopa, nove receberam jogos do Mundial.
Só Düsseldorf entra nesta lista, claro, com um estádio construído entre 2002 e 2004 e que é um dos mais modernos da Alemanha. O único local que passou por uma grande reforma foi Stuttgart, com a reforma da parte inferior da arquibancada principal, concluída no início de 2024.
Metade dos estádios da Eurocopa pertencem a equipes que jogam atualmente na segunda divisão alemã, o que não os impede ficarem lotados todos os fins de semana.
No total, são esperados 2,7 milhões de espectadores em estádios cuja capacidade foi um pouco reduzida, já que a Uefa não autoriza lugares em pé, algo que o futebol alemão tem vivido desde a temporada 2022/2023. Assim, o estádio do Borussia Dortmund passará dos habituais 81.365 lugares para 62 mil.
. Prioridade número 1
À frente da organização, o ex-capitão dos campeões mundiais de 2014, Philipp Lahm, não teve que se preocupar muito com a infraestrutura, mas há outra questão que traz muitas dores de cabeça: "Desde o início, a segurança é uma questão de nossas grandes precauções", disse Lahm em entrevista à AFP em março.
Além dos 2,7 milhões de visitantes com ingressos para os jogos, a Alemanha se prepara para receber 12 milhões de pessoas nas 'fan zones', aqueles locais onde torcedores se reúnem nas cidades-sede para assistir aos jogos em telões gigantes.
Especialistas de cada país participante ajudarão as autoridades alemãs, a Europol e a Uefa a monitorar e coordenar as medidas de segurança a partir de uma enorme sala de conferências de 500 m2, equipada com 129 computadores e um gigantesco telão de 40 m² no Centro de Cooperação (IPCC) em Neuss (oeste).
A segurança no entorno dos dez estádios que receberão os jogos será feita por um contingente de 800 a 1.300 agentes das forças de segurança. Além disso, haverá pontos de controles nas fronteiras alemãs durante o torneio e patrulhas conjuntas de gendarmes franceses e da polícia federal alemã monitorarão as rotas Paris-Stuttgart e Paris-Frankfurt.
"Os grandes eventos esportivos são sempre alvos potenciais de ataques terroristas", afirma Johannes Saal, especialista em segurança da Universidade de Lucerna, descrevendo a atual situação geopolítica como "muito tensa" devido à guerra em Gaza e à sempre presente ameaça jihadista.
"Há anos que falamos abstratamente sobre uma grande ameaça, mas não há nenhuma indicação concreta de um ataque", relativizou a chefe da polícia de Berlim, Barbara Slowik, durante uma apresentação do dispositivo de segurança para o torneio em meados de maio. As ameaças "são levadas a sério e verificadas com os parceiros internacionais", acrescentou.
G.Vogl--MP