Paris lança seus Jogos Olímpicos com cerimônia no rio Sena
Com uma inédita cerimônia de abertura, Paris abriu os Jogos Olímpicos nesta sexta-feira (26) em um desfile de atletas pelo rio Sena, sob uma persistente chuva que caía na capital francesa.
O ato começou com a transmissão de um filme protagonizado pelo comediante local Jamel Debbouze e o ex-jogador de futebol Zinédine Zidane no Stade de France, e dez minutos mais tarde a embarcação com a delegação grega deu início ao tradicional desfile dos esportistas.
Por volta das 19h40 (14h40 em Brasília), um muro de água se abriu sob a ponte de Austerlitz, liberando o caminho para a embarcação helênica, a primeira das 85 que vão transportar os cerca de 6.500 participantes no desfile até o Trocadéro.
Ao mesmo tempo começou o espetáculo musical, com a atuação da rainha do pop americano Lady Gaga, que interpretou "Mon truc en plumes" de Zizi Jeanmaire, canção emblemática do music-hall francês, uma das grandes estrelas internacionais que participam da cerimônia.
- Lady Gaga e Aya Nakamura -
"É uma honra ter recebido o convite do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos para cantar uma música francesa tão especial, uma música para homenagear o povo francês e sua incrível história na arte", escreveu a cantora e atriz em sua conta no X.
Quem também se apresentou na cerimônia foi Aya Nakamura, a cantora francófona mais ouvida do planeta, cuja presença no evento foi fortemente criticada pela extrema-direita francesa.
"Que vergonha! A abertura dos Jogos Olímpicos é um saque à cultura francesa", escreveu no X o porta-voz do Reagrupamento Nacional (RN) após a apresentação da artista de origem malinesa.
A cerimônia serviu para homenagear algumas mulheres francesas nas suas áreas (como Olympe de Gouges, Simone Veil e Gisèle Halimi), com suas figuras emergindo do fundo do Sena. A catedral de Notre Dame também teve seu destaque.
Artistas em uniformes de construção dançaram nos andaimes da catedral, gravemente danificada por um incêndio ocorrido em 2019 e que deverá ser reaberta no dia 8 de dezembro, após anos de reformas.
- Filas nos acessos -
A chuva não foi o único problema sofrido pelos organizadores e pelos quase 320 mil espectadores presentes no evento (cerca de 200 mil gratuitos): um incidente informático fez com que alguns dos ingressos necessários para chegar às margens do Sena fossem cancelados.
Longas filas se formaram nos acessos e alguns espectadores relataram que foram necessárias algumas horas para passar dos rígidos controles de segurança que as autoridades estabeleceram para evitar qualquer incidente, num país ainda marcado pelos sangrentos ataques jihadistas de 13 de novembro de 2015, que deixaram 130 mortos em Paris.
Este dispositivo de segurança, composto por 45 mil policiais e gendarmes, soldados e milhares de agentes de segurança privada, além de 2 mil membros das forças de segurança de vários países aliados da França, não evitou que a rede ferroviária francesa fosse danificada nas primeiras horas desta sexta-feira, vítima de um "ataque massivo" que paralisou grande parte do trânsito na metade norte do país no início do dia.
A companhia ferroviária francesa (SNCF) denunciou "incêndios voluntários que danificaram as instalações".
- Ato de 'sabotagem contra os Jogos' -
A ministra dos Esportes da França, Amélie Oudéa-Castera, condenou esta "sabotagem" contra os "Jogos dos atletas", enquanto seu colega da pasta de Transportes, Patrice Vergriete, denunciou um "ato criminoso escandaloso".
Por sua vez, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, garantiu que "o que aconteceu é inaceitável, mas não terá impacto na cerimônia desta noite".
A cerimônia, que pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos foi realizada fora de um estádio, foi acompanhada por personalidades e até 85 líderes de um mundo em tensão devido às guerras na Ucrânia e em Gaza.
- "Imagine" -
A ausência mais notável foi a de Vladimir Putin, na sequência da exclusão da Rússia devido à invasão da Ucrânia. O seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelensky, não estava na lista de convidados.
Um dos momentos mais emocionantes foi quando a cantora Juliette Armanet cantou a música "Imagine", de John Lennon, transformada em um hino à paz.
B.Fuchs--MP