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Bogotá recebe encontro internacional para descongelar diálogo político na Venezuela
Bogotá recebe encontro internacional para descongelar diálogo político na Venezuela / foto: Brendan Smialowski - AFP

Bogotá recebe encontro internacional para descongelar diálogo político na Venezuela

Vinte delegações mundiais convocadas pelo presidente colombiano Gustavo Petro se reúnem nesta terça-feira (25) em Bogotá com um objetivo: mediar as tensões entre o governo e a oposição da Venezuela com vistas às eleições de 2024.

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O primeiro esquerdista a chegar ao poder na Colômbia assumiu o papel de intermediário entre o presidente venezuelano Nicolás Maduro e seus opositores, além de anfitrião da cúpula.

A partir das 11h locais (13h no horário de Brasília), na Chancelaria localizada no coração da capital colombiana, ele receberá delegados dos Estados Unidos e de outras nações, na tentativa de destravar os diálogos entre as partes, que estão em um impasse desde novembro.

A reunião busca trazer Maduro à mesa de negociações, assim como a oposição, que denuncia fraudes nas eleições presidenciais de 2018, perseguição judicial e falta de garantias para participar das eleições do ano que vem, nas quais Maduro buscará sua segunda reeleição.

Os protagonistas, que acumularam fracassos em negociações anteriores na República Dominicana e em Barbados, não participarão da cúpula desta terça-feira.

As últimas negociações na Cidade do México começaram em agosto de 2021 e terminaram em novembro de 2022 com um único acordo sobre a liberação de cerca de 3 bilhões de dólares (15,8 bilhões de reais, na cotação da época) bloqueados por sanções que nunca se concretizaram.

- Sem Guaidó -

Uma visita fugaz e surpresa do líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, agitou o prelúdio da cúpula na segunda-feira. Sem convite para o encontro e apesar de estar proibido de sair do seu país desde 2019, ele cruzou a fronteira a pé com uma série de pedidos aos delegados internacionais.

No entanto, uma fonte próxima da oposição anunciou à tarde que o governo colombiano o "obrigou" a deixar o país.

"Estão me expulsando da Colômbia, a perseguição da ditadura – do governo de Nicolás Maduro – lamentavelmente se estendeu hoje à Colômbia", disse Guaidó em um vídeo publicado em sua conta no Twitter e gravado do avião em que deveria viajar para os Estados Unidos.

Uma fonte próxima ao dirigente opositor declarou à AFP que o governo colombiano "obrigou" Guaidó a abandonar o país.

"Vou em um voo comercial", disse Guaidó, que anunciou sua chegada a Bogotá na madrugada de segunda-feira.

A Colômbia foi o principal aliado de Guaidó na região durante o governo do direitista Iván Duque (2018-2022).

O ex-presidente rompeu relações diplomáticas com a Venezuela e aliou-se ao seu homólogo americano Donald Trump (2017-2021), entre cinquenta outros presidentes, para pressionar, sem sucesso, a saída de Maduro.

Agora Petro dá um "respiro nas relações internacionais" na Venezuela, segundo Pedro Benítez, especialista da Universidade Central desse país.

O presidente se reuniu quatro vezes com Maduro desde sua posse em agosto, reabriu a fronteira e "demonstrou interesse pessoal em influenciar a resolução da crise venezuelana", acrescentou o analista Txomin Las Heras, do Observatório da Venezuela da Universidade do Rosário em Bogotá.

A cúpula também pode significar um respiro para Petro, quando a incerteza paira sobre as negociações de paz com os grupos armados e suas ambiciosas reformas avançam lentamente no Congresso, concordam os especialistas.

Um protesto contra Maduro foi convocado para esta terça-feira na Praça de Bolívar, próxima ao local da cúpula. Cerca de 2,4 milhões de venezuelanos, dos 6,8 milhões que fugiram da crise, vivem na Colômbia, segundo a ONU.

F.Hartmann--MP