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Ex-prefeito e opositor russo vai a julgamento por criticar ofensiva na Ucrânia
Ex-prefeito e opositor russo vai a julgamento por criticar ofensiva na Ucrânia / foto: Anna YURIEVA - AFP

Ex-prefeito e opositor russo vai a julgamento por criticar ofensiva na Ucrânia

Yevgueni Roizman, um famoso crítico do Kremlin e ex-prefeito popular de Ekaterimburgo, compareceu a um julgamento nesta quarta-feira (26) sob a acusação de desacreditar o exército russo na ofensiva na Ucrânia.

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Roizman, 60 anos, se declarou inocente no início da audiência, de acordo com uma transmissão ao vivo do processo no Youtube. Se for considerado culpado, ele pode ser condenado a até cinco anos de prisão.

O político, que continua na Rússia e em liberdade, se tornou em 2013 o prefeito opositor de maior destaque no país e permaneceu por cinco anos no poder em Ekaterimburgo, cidade da região dos Urais.

Depois de criticar abertamente o presidente Vladimir Putin e sua ofensiva na Ucrânia, Roizman disse que tinha consciência de que poderia ser preso a qualquer momento

Ele é muito popular em Ekaterimburgo e outras regiões, além de ser amigo de Alexei Navalny, o principal crítico do Kremlin, que está preso.

O ex-prefeito permaneceu relativamente intocado até que as autoridades abriram uma investigação criminal contra ele em agosto de 2022, com a acusação de "desacreditar" o exército russo em comentários sobre a ofensiva de Moscou na Ucrânia.

- Sem medo -

Roizman é conhecido por utilizar linguagem grosseira e preencheu sua conta no Twitter com palavrões para ironizar as autoridades, para grande satisfação de seus seguidores.

A Rússia é cenário de uma repressão sem precedentes contra os dissidentes, durante a operação militar na Ucrânia, e todos os líderes da oposição, exceto Roizman, estão presos ou no exílio.

"Não tenho ilusões", declarou o opositor no ano passado em uma entrevista à AFP. "Mas também não tenho medo", disse.

O político ganhou fama como ativista antidrogas e sua luta contra a grave epidemia de narcóticos na Rússia.

Como prefeito, ele era acessível aos moradores e recebia as pessoas com mais necessidade para tentar ajudar a resolver os seus problemas.

Ele renunciou quando as autoridades anularam as eleições municipais, mas permaneceu envolvido em projetos de caridade.

O principal opositor russo, Navalny, que mobilizava grandes protestos contra Putin, está detido, o que seus simpatizantes consideram uma punição de Moscou por desafiar o Kremlin.

Nesta quarta-feira, Navalny chamou de "absurdas" as acusações de "extremismo" apresentadas contra ele.

As autoridades anunciaram uma "acusação absurda que me ameaça com pena de até 35 anos" de prisão, criticou Navalny.

O opositor, de 46 anos, que cumpre uma pena de nove anos de prisão por fraude e outras acusações, acredita que a próxima etapa será "a prisão perpétua".

Detido desde 2021, quando retornou à Rússia depois de receber atendimento na Alemanha por um envenenamento que atribui ao Kremlin, denunciou uma "tentativa ilegal" de julgá-lo a portas fechadas.

Kira Iarmych, a porta-voz da organização de Navalny, declarou à AFP que o julgamento "pode começar em breve" devido ao desejo do Ministério Público de "limitar o tempo de familiarização" da defesa com os "elementos do caso".

A.Schneider--MP