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PF faz busca na casa de Bolsonaro em operação sobre dados falsos de vacinação
PF faz busca na casa de Bolsonaro em operação sobre dados falsos de vacinação / foto: EVARISTO SA - AFP

PF faz busca na casa de Bolsonaro em operação sobre dados falsos de vacinação

A Polícia Federal realizou buscas na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira(3) em Brasília, como parte de uma investigação sobre suposta falsificação de cartão de vacinação contra a covid-19.

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O ex-presidente de extrema direita que governou o Brasil de 2019 a 2022, confirmou as buscas em sua residência, nas quais, segundo ele, seu celular foi apreendido. Bolsonaro acusou as autoridades de tentar fabricar um processo contra ele.

"Não há adulteração de minha parte, eu não tomei a vacina", disse Bolsonaro em declarações a jornalistas em frente à sua casa na capital do país.

"Eu realmente fico surpreso com a busca e apreensão por esse motivo. Eu não tenho mais nada a falar", acrescentou.

O ex-presidente de extrema direita sempre se apresentou como ferrenho opositor às vacinas contra a covid-19, e repetiu em várias ocasiões durante seu mandato que não se vacinaria e chegou a dizer que quem o fizesse se transformaria em "jacaré".

Bolsonaro foi muito criticado por sua gestão da pandemia, que deixou mais de 700.000 mortos no Brasil.

Sem mencionar Bolsonaro, a Polícia Federal explicou em nota que investigava "uma associação criminosa" suspeita de inserir dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas públicos de saúde.

"As inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a covid-19 dos beneficiários", afirma a nota divulgada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

A suposta falsificação permitiu que pessoas pudessem "emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de covid-19", agrega a nota.

Derrotado nas eleições presidenciais de outubro, Bolsonaro viajou para os Estados Unidos em 30 de dezembro, dois dias antes da posse de seu sucessor de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva. Permaneceu no país até 30 de março.

O certificado de vacinação é obrigatório para entrar nos Estados Unidos. O governo americano anunciou na segunda-feira que esta obrigação será levantada a partir de 11 de maio.

Apesar de representantes de governos estrangeiros estarem isentos deste requisito, se desconhece como as autoridades americanas administraram o caso de Bolsonaro depois que ele terminou seu mandato em 1º de janeiro.

"Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum", garantiu nesta quarta Bolsonaro.

- Ajudante preso -

Segundo a imprensa, a PF deteve, entre outros, o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro, considerado seu braço direito durante a Presidência.

Os supostos dados falsos de vacinação do presidente teriam sido carregados no sistema público de saúde antes de sua viagem aos Estados Unidos e depois excluídos, segundo a TV Globo.

Desde seu retorno ao Brasil no final de março, Bolsonaro já foi interrogado duas vezes pela Polícia Federal.

Em 5 de abril, prestou depoimento no âmbito da investigação sobre a entrada irregular no Brasil de valiosas joias presentadas pela Arábia Saudita em 2021.

Na semana passada, Bolsonaro precisou depor à PF em outra investigação sobre seu suposto papel nos distúrbios de 8 de janeiro, quando milhares de seus apoiadores invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, em uma tentativa de derrubar Lula, empossado sete dias antes.

No total, Bolsonaro enfrenta quatro investigações do Supremo Tribunal Federal que podem enviá-lo à prisão, e também outras 16 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O TSE, que investiga principalmente as afirmações não comprovadas de Bolsonaro sobre uma fraude generalizada no sistema eleitoral, pode inabilitá-lo a se candidatar à Presidência por oito anos, afastando-o da disputa de 2026.

C.Maier--MP