Ex-primeiro-ministro do Paquistão permanece em prisão provisória em meio a protestos
O ex-primeiro-ministro paquistanês Imran Khan foi colocado em prisão provisória nesta quarta-feira (10) por uma acusação de corrupção, um dia após sua detenção inesperada, que provocou protestos violentos em todo o país.
"O tribunal aprovou a prisão provisória de Imran Khan durante oito dias", afirmou à AFP Ali Bukhari, advogado de Khan, após a audiência a portas fechadas.
Enquanto isso, o governo deu sinal verde para enviar soldados para a província de Punjab, a mais populosa do país, onde cerca de 1.000 manifestantes foram detidos e 130 policiais ficaram feridos desde o início dos protestos na terça-feira.
Ao mesmo tempo, o governo aprovou o envio de soldados à província de Punjab, a mais populosa do país, onde mais de 900 manifestantes foram detidos e 130 policiais ficaram feridos desde o início dos protestos na terça-feira.
A ordem do ministério do Interior não revela a data de envio, o número de soldados, nem o período da mobilização.
Os confrontos violentos explodiram entre os simpatizantes do 'Pakisstan Tehreek-e-Insaf' (PTI, Partido da Justiça do Paquistão) de Khan e as forças de segurança, após o anúncio na terça-feira da prisão do ex-chefe de Governo em um caso de corrupção.
A detenção aconteceu após meses de crise política e depois que o ex-astro do críquete acusou os militares - que têm grande poder e influência no país - de envolvimento em um complô para assassiná-lo.
A polícia usou gás lacrimogêneo e jatos d'água para dispersar os partidários de Khan que protestaram em Karachi e Lahore. Em Islamabad e na vizinha Rawalpindi, os manifestantes bloquearam várias estradas.
Em Peshawar, a multidão destruiu o monumento Chaghi, uma escultura com a forma de montanha que celebrava o local do primeiro teste nuclear do Paquistão.
Sher Afzal Marwat, advogado do PTI, Khan está "de bom humor", mas as forças paramilitares que o prenderam o agrediram na parte de trás da cabeça e em uma perna.
As autoridades ordenaram o fechamento as escolas em todo o país e restringiram o acesso às redes sociais.
A detenção de Imran Khan "aconteceu de acordo com a lei", declarou o ministro do Interior, Rana Sanaullah.
A operação foi determinada pelo principal órgão de luta contra a corrupção do país, o 'National Accountability Bureu' (NAB), "um organismo independente que não é controlado pelo governo", destacou o ministro do Interior.
O PTI convocou os simpatizantes para protestos nas ruas, mas a polícia advertiu que uma portaria em vigor proíbe aglomerações de mais de quatro pessoas e que a medida será aplicada com rigor.
O partido anunciou no Twitter que pretende contestar a detenção e informou que seus líderes devem comparecer à Suprema Corte do Paquistão.
Shah Mehmood Qureshi, vice-presidente do partido, pediu que os protestos continuem "de maneira legal e pacífica" e condenou o tratamento da polícia aos manifestantes.
- Processo por corrupção -
"Imran Khan foi detido pelo caso Qadir Trust", tuitou a polícia de Islamabad em sua conta no Twitter, em referência a um processo por corrupção.
Khan foi destituído do poder no ano passado por uma moção de censura e tenta pressionar o frágil governo de coalizão a convocar eleições antecipadas até outubro.
O ex-primeiro-ministro enfrenta dezenas de processos judiciais, uma tática utilizada com frequência no Paquistão pelos governos para silenciar os opositores, de acordo com analistas.
A detenção aconteceu depois que Khan repetiu, no fim de semana durante um comício, que o general Faisal Naseer, comandante dos serviços de inteligência, está envolvido na tentativa de assassinato que o ex-premier sofreu em novembro de 2022.
Na segunda-feira, o exército fez uma advertência contra o que chamou de "acusações sem fundamento" de Khan.
O atual primeiro-ministro Shehbaz Sharif - que também foi acusado por Khan de envolvimento no ataque a tiros que provocou um ferimento em uma perna - disse que acusações sem provas "não podem ser permitidas e não serão toleradas".
Em Washington, os chefes da diplomacia dos Estados Unidos, Anthony Blinken, e do Reino Unido, James Cleverly, pediram respeito ao "Estado de direito" no Paquistão.
O.Wagner--MP