Final do Eurovision começa em Liverpool com homenagem à Ucrânia
A grande final do festival Eurovision começou neste sábado (13) na cidade inglesa de Liverpool com uma homenagem à Ucrânia, vencedora da edição anterior, que devido à guerra não pôde sediar o popular e extravagante concurso.
Os cantores dos 26 países finalistas terão três minutos cada para convencer o júri e o público internacional, com a novidade de que este ano os telespectadores da América e da Ásia, cujos países não participam da competição, também podem votar.
O grupo ucraniano Kalush Orchestra abriu o espetáculo com uma versão estendida de "Stefania", a mistura de hip-hop e música tradicional que os levou à vitória em 2022.
Desta vez, contaram com o acompanhamento de dezenas de percussionistas vestidos de soldados no palco e a aparição da princesa de Gales, Catalina, tocando piano em uma gravação em vídeo.
Foi a primeira das surpresas que promete este espetáculo de quatro horas cheio de luzes e brilho.
"O tema é 'unidos pela música', 'Ucrânia e Europa unidas pela música'", disse o apresentador da emissora britânica BBC, que organiza o evento.
- Neutralidade política -
Normalmente, o país vencedor sedia o concurso no ano seguinte.
No entanto, a 67ª edição do festival não pôde ser realizada em Kiev devido à invasão russa, e o Reino Unido, que ficou em segundo lugar, assumiu a responsabilidade.
Entre um público vestido com lantejoulas, profusamente maquiado e portando bandeirinhas, pulseiras luminosas e muita disposição para se divertir, Vasylyna Kindrat, uma ucraniana de 25 anos que teve que fugir de seu país em dezembro, disse esperar pela vitória.
Mas "não no Eurovision, e sim na guerra", afirmou, e apontou que as cores azul e amarelo da Ucrânia espalhadas por toda a cidade a fazem "sentir-se em casa".
Ilustrando a dificuldade em definir os contornos da neutralidade política enquanto carregam as cores de um país devastado pela guerra, os organizadores do Eurovision causaram polêmica ao se recusarem a permitir que o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, participe com uma mensagem em vídeo.
A natureza do concurso "proíbe declarações políticas ou similares durante o evento", explicou a União Europeia de Radiodifusão em comunicado.
No entanto, assim como no ano passado, a Rússia foi excluída da competição.
- “Estupidez humana” -
Em várias músicas, a guerra aparece de fundo.
"Heart of Steel", a canção do duo ucraniano de música eletrônica Tvorchi, se inspira na resistência durante um mês de cerco à fábrica Azovstal e "simboliza a força e a valentia", segundo o vocalista Jeffery Kenny. A Ucrânia escolheu o grupo para representá-la em uma final realizada em um abrigo em Kiev.
Pela Suíça, o jovem cantor Remo Forrer lança com "Watergun" uma mensagem de paz em um tom grave.
No extremo oposto, o divertido e bigodudo grupo croata Let 3 subirá ao palco com "Mama ŠČ!", uma música corrosiva que ataca de forma pouco dissimulada o presidente russo Vladimir Putin. A banda descreve sua canção como "uma arma" contra a "estupidez humana", "contra as guerras".
- Flamenco eletrônico da Espanha -
Porém, de acordo com as casas de apostas, as chances de vitória do suíço ou dos croatas são escassas.
A Ucrânia está entre os três primeiros, precedida por dois países escandinavos.
A Suécia, considerada favorita, é representada pela cantora Loreen, que já venceu em 2012 com sua grandiosa música de amor "Tatoo". Se ela ganhar, será a segunda artista a vencer duas vezes, depois do irlandês Johnny Logan.
Por sua vez, a Finlândia deixará sua sorte nas mãos do rapper Käärijä e sua frenética "Cha Cha Cha".
Entre os favoritos das casas de apostas está também a Espanha, que em 2022 ficou em terceiro lugar com a enérgica "SloMo" de Chanel Terrero.
Agora, é representada pela cantora Blanca Paloma, que interpretará a canção de ninar "Eaea", uma mistura de música flamenca com arranjos eletrônicos que lembra os primeiros trabalhos de Rosalía.
A.Weber--MP