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Rússia começa a transferir armas nucleares a Belarus
Rússia começa a transferir armas nucleares a Belarus / foto: Handout - Telegram/ @concordgroup_official/AFP

Rússia começa a transferir armas nucleares a Belarus

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, anunciou, nesta quinta-feira (25), que a Rússia já havia iniciado a transferência de armas nucleares para seu país, uma decisão que, segundo a oposição bielorrussa, representa uma ameaça "para a Ucrânia e para toda a Europa".

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Lukashenko, que fez esse anúncio à margem de uma cúpula regional em Moscou, disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, lhe comunicou que já havia assinado o decreto para o envio das ogivas nucleares, mas não detalhou se os projéteis já haviam chegado a território bielorrusso.

"A transferência de armas nucleares começou", afirmou Lukashenko em resposta a um jornalista, em um vídeo do canal oficial da Presidência bielorrussa no Telegram.

Em março, Moscou havia anunciado que posicionaria armas nucleares "táticas" em território de Belarus, o que alimentou o temor de uma escalada no conflito na Ucrânia e gerou críticas da comunidade internacional, sobretudo dos países ocidentais.

"Isto não apenas coloca em perigo a vida dos bielorrussos, mas também cria uma ameaça para a Ucrânia e para toda a Europa", tuitou a opositora bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya, nesta quinta.

- Transferência em Bakhmut -

O anúncio acontece no mesmo dia em que o grupo paramilitar russo Wagner iniciou a transferência de suas posições na cidade ucraniana de Bakhmut ao Exército russo. A milícia privada afirma ter conquistado a cidade após meses de combates violentos com as tropas de Kiev.

A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, confirmou que as tropas do grupo Wagner cederam as posições às tropas oficiais russas "na periferia de Bakhmut", mas reiterou que os ucranianos continuam na cidade.

Além disso, Maliar assegurou que os soldados ucranianos ainda controlam um subúrbio a sudoeste de Bakhmut.

O líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, admitiu ontem que quase 10.000 dos 50.000 detentos recrutados nas penitenciárias russas morreram na Ucrânia, onde estavam na linha de frente da batalha por Bakhmut.

Essa transferência acontece em um momento no qual o Exército russo está em dificuldade nos flancos de Bakhmut. Segundo Kiev, as tropas russas perderam 20 km² somados ao norte e ao sul da cidade devastada no leste da Ucrânia.

Além disso, combatentes procedentes da Ucrânia entraram na segunda-feira e na terça-feira na província russa fronteiriça de Belgorod, evidenciando mais uma vez as dificuldades das forças russas.

A operação foi reivindicada por dois grupos russos que lutam ao lado dos ucranianos, cujos líderes foram identificados como figuras da nebulosa extrema direita russa.

Essas manobras e reivindicações enquadram-se nas conjecturas sobre uma iminente contraofensiva ucraniana para recuperar os territórios tomados pelas tropas russas desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.

- 'Aterrorizando a Ucrânia' -

"O inimigo tenta impedir nosso avanço nos flancos com disparos de artilharia. Está reforçando os flancos com mais unidades", afirmou Maliar.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelesky, acusou a Rússia de seguir "aterrorizando" o seu país e disse que o Exército ucraniano derrubou 36 drones russos em ataques realizados durante a noite de quarta para quinta.

Por sua vez, as autoridades pró-Moscou da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, afirmaram que derrubaram seis drones ucranianos durante a noite.

"Militarmente, esta guerra não será vencida pela Rússia", afirmou o general americano Mark Milley, que também considerou improvável que Kiev expulse todas as tropas de Moscou em breve.

- Pressão sobre a China -

A Rússia anunciou que interceptou dois caças americanos perto de seu espaço aéreo no Mar Báltico, o segundo incidente deste tipo esta semana.

O governo do Japão, por sua vez, anunciou que mobilizou caças após detectar a presença de duas aeronaves russas de "reconhecimento" perto de suas costas, uma no Oceano Pacífico e outra no Mar do Japão.

No âmbito diplomático, a Rússia anunciou que o emissário chinês Li Hui, enviado por Pequim ao continente europeu para discutir uma solução política do conflito na Ucrânia, visitará Moscou na sexta-feira para "consultas".

A União Europeia (UE) pediu que a China utilize sua influência para que as autoridades russas retirem suas tropas da Ucrânia.

Y.Hube--MP