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Rebeldes sírios entram em Hama e Exército reconhece que perdeu o controle desta cidade estratégica
Rebeldes sírios entram em Hama e Exército reconhece que perdeu o controle desta cidade estratégica / foto: Rami al SAYED - AFP

Rebeldes sírios entram em Hama e Exército reconhece que perdeu o controle desta cidade estratégica

Rebeldes sírios liderados por islamistas radicais entraram, nesta quinta-feira (5), na cidade estratégica de Hama, no centro da Síria, após confrontos com o exército do presidente Bashar al Assad, que reconheceu sua derrota.

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Hama está situada no eixo que leva a Homs, no centro, e à capital Damasco, que são hoje as duas únicas grandes cidades nas mãos de Assad, cada vez mais enfraquecido pela ofensiva relâmpago dos insurgentes lançada do norte.

Em uma semana, os rebeldes liderados pelos radicais islamistas do Hayat Tahrir al Sham (HTS) tomaram a maior parte de Aleppo, a segunda cidade do país, e continuaram seu avanço em direção a Hama, mais a sul.

Depois de tomar Aleppo na semana passada, os rebeldes "entraram em vários bairros da cidade de Hama, onde travaram combates com as forças do regime", disse o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

"Nossas forças entraram na prisão central de Hama e libertaram centenas de prisioneiros detidos injustamente", anunciou Hasan Abdel Ghani, líder militar da coligação rebelde, em um canal do Telegram.

O Exército sírio reconheceu em um comunicado que havia perdido o controle de Hama.

"Durante as últimas horas [...] grupos terroristas conseguiram atravessar várias frentes na cidade e entrar", disse, acrescentando que suas forças foram "redistribuídas fora da cidade".

O OSHD indicou anteriormente que "as tropas governamentais lideravam uma resistência feroz para tentar impedir o avanço dos rebeldes" que cercaram Hama "por três lados" na noite de quarta-feira, deixando às forças governamentais "nada mais do que uma saída para Homs, ao sul".

"Ouvimos explosões e bombardeios incessantemente desde a noite", disse Maya, uma estudante de 22 anos de Hama, contatada por telefone nesta quinta-feira pela AFP.

Ela acrescentou que as ruas ao redor da casa de sua família estavam vazias. "Não sabemos o que está acontecendo lá fora", disse.

- Preocupação com os civis -

Uma fonte militar, citada pela imprensa oficial síria, afirmou na noite de quarta-feira que "as forças da aviação russa e síria, artilharia e mísseis [haviam] realizado ataques direcionados contra [...] terroristas" nos arredores de Hama.

Os confrontos travados desde o início da ofensiva rebelde são os primeiros desta magnitude desde 2020 na Síria, onde uma guerra civil devastadora eclodiu em 2011, deixando meio milhão de mortos.

O país está dividido em várias zonas de influência, onde as partes em conflito contam com o apoio de diversas potências estrangeiras.

A Rússia e o Irã, principais aliados de Damasco, além da Turquia, um importante apoiador dos rebeldes, estão em "contato próximo" para estabilizar a situação na Síria, anunciou na quarta-feira a diplomacia russa.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, alertou para o ressurgimento do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) na Síria, onde proclamou um "califado" em 2014, derrotado anos depois.

Desde o início da ofensiva rebelde, em 27 de novembro, os combates e os bombardeios deixaram 727 mortos, incluindo 111 civis, segundo a OSDH, ONG sediada no Reino Unido que possui uma ampla rede de fontes de informação na Síria.

A ONG Human Rights Watch (HRW) alertou para o risco sobre os civis, quando os dois lados deste conflito foram acusados de violações dos direitos humanos.

Mais de 115 mil pessoas foram deslocadas em uma semana de combates, disse à AFP o coordenador humanitário regional adjunto da ONU para a Síria, David Carden.

- "Motivada e intransigente" -

Hama, a quarta maior cidade da Síria, foi cenário de um massacre em 1982 executado pelo exército comandado pelo pai do presidente Bashar al-Assad, que reprimiu uma insurreição da Irmandade Muçulmana.

Foi também nesta cidade onde ocorreram algumas das maiores manifestações que deram origem à revolta pró-democracia em 2011 e cuja resposta repressiva desencadeou a guerra civil.

Com o apoio militar da Rússia, do Irã e do movimento libanês pró-iraniano Hezbollah, o regime recuperou grande parte do país em 2015 e, em 2016, toda Aleppo, cuja parte oriental havia sido tomada pelos rebeldes em 2012.

Em poucos dias, os rebeldes tomaram grandes áreas do norte da Síria e grande parte de Aleppo, que pela primeira vez desde o início da guerra civil está fora do controle do regime de Assad.

O líder do HTS, Abu Mohamad al Jolani, visitou na quarta-feira a emblemática cidadela de Aleppo, segundo o Telegram do grupo.

F.Koch--MP