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Rebeldes sírios nomeiam um chefe de governo transitório
Rebeldes sírios nomeiam um chefe de governo transitório / foto: Ozan KOSE - AFP

Rebeldes sírios nomeiam um chefe de governo transitório

Os rebeldes que tomaram o poder em Damasco nomearam um chefe de governo transitório, Mohammed al Bashir, que exercerá suas funções até 1º de março, anunciaram em um comunicado.

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Bashir liderava até agora o governo do reduto rebelde de Idlib, no noroeste da Síria.

"O comando geral nos confiou a tarefa de dirigir o governo transitório até 1º de março", indicou um comunicado de Bashir, divulgado na televisão, que o apresentou como o novo primeiro-ministro do país.

Após anos em que o conflito sírio esteve congelado, os rebeldes liderados pelo grupo Hayat Tahrir al Sham (HTS) lançaram, na última semana de novembro, uma ofensiva relâmpago a partir do noroeste do país, derrubando o presidente Bashar al Assad, que fugiu do país.

O líder do HTS, Abu Mohammed al Jolani, conversou na segunda-feira com o ex-primeiro-ministro Mohammed al Jalali para "coordenar a transição de poder", depois que o Parlamento e o partido Baath, que governavam com Bashar al Assad e seu pai Hafez, manifestaram apoio à transição.

O enviado da ONU para a Síria, Geir Pedersen, afirmou nesta terça-feira (10) que o grupo enviou "uma mensagem positiva" à população, mas pediu para que as palavras fossem transformadas em ações.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), 54 soldados sírios que fugiam da ofensiva rebelde foram executados pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI) na região desértica do centro do país.

A queda de Assad provocou celebrações em todo o país e na diáspora síria ao redor do mundo.

A guerra civil deixou 500 mil mortos e forçou metade da população do país a abandonar suas casas, com milhões buscando refúgio no exterior.

- Desaparecidos -

O país agora enfrenta uma profunda incerteza após o colapso de um governo que controlou a sociedade síria com mão de ferro por mais de meio século.

Jolani, que agora usa seu nome real, Ahmed al Sharaa, prometeu: "Não hesitaremos em responsabilizar os criminosos, assassinos, oficiais de segurança e do exército envolvidos na tortura do povo sírio", disse após uma reunião na segunda-feira com o ex-premiê Jalali, segundo um comunicado no Telegram.

A derrubada de Assad desencadeou uma busca frenética de famílias pelos milhares de detidos nas prisões e centros de detenção dos serviços de segurança do antigo regime.

Durante o avanço rumo a Damasco no fim de semana, os rebeldes libertaram milhares de prisioneiros, mas muitos ainda estão desaparecidos.

Uma grande multidão se reuniu na segunda-feira em frente à prisão de Saydnaya, sinônimo das piores atrocidades do regime de Assad, em busca de seus familiares, muitos dos quais passaram anos em cativeiro, verificaram correspondentes da AFP.

"Estou procurando meu irmão, que está desaparecido desde 2013. Procuramos por toda parte e acreditamos que ele está aqui, em Saydnaya", contou Umm Walid, de 52 anos.

Prisioneiros libertados vagavam pelas ruas de Damasco, muitos mutilados pela tortura, enfraquecidos por doenças e abatidos pela fome.

O governo que Assad herdou do pai utilizava um complexo sistema de prisões para reprimir qualquer dissidência contra o partido governante.

- Operações israelenses -

A ONU pediu a Israel que suspenda uma série de incursões militares na Síria e movimentos de tropas que ocorreram após a queda de Assad.

 

O Exército israelense destruiu as principais instalações militares da Síria com mais de 300 ataques aéreos desde a deposição do governo de Bashar al Assad no domingo, informou o OSDH nesta terça-feira.

Um centro de pesquisa científica em Damasco, vinculado ao Ministério da Defesa, foi completamente destruído, constatou um jornalista da AFP. Segundo os Estados Unidos, essa instalação estava ligada ao programa de armas químicas da Síria.

Israel também realiza uma incursão na zona de distensão ao redor das Colinas de Golã, um território sírio ocupado e anexado desde 1967.

- "Pesadelo" -

De acordo com especialistas, o governo de Assad não conseguiu se sustentar sem o apoio de seus aliados, com a Rússia focada na Ucrânia e o Irã e o Hezbollah enfraquecidos pelos conflitos com Israel.

O OSDH estima que pelo menos 910 pessoas, incluindo 138 civis, morreram desde o início da ofensiva rebelde em 27 de novembro.

"Nunca pensamos que esse pesadelo acabaria", disse Rim Ramadan, de 49 anos, na segunda-feira, enquanto multidões se reuniam para comemorar a queda do governo na Praça dos Omíadas, no centro da capital síria.

Com o fim do regime de Assad, Áustria, Alemanha, Bélgica, Suécia, Dinamarca, Noruega, Suíça, Reino Unido, Países Baixos e Itália decidiram suspender a análise de pedidos de asilo de cidadãos sírios.

F.Bauer--MP