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Reciprocidade de tarifas entre EUA e UE tem que funcionar para ambos, diz comissário europeu
O comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, disse nesta quinta-feira (20) que a União Europeia (UE) "está disposta" a trabalhar com o governo de Donald Trump nas "tarifas recíprocas" anunciadas pelo americano, que, caso entrem em vigor, têm que funcionar para ambas as partes, ressaltou.
Enquanto Washington planeja impor essas taxas, a UE está aberta a avançar com funcionários de Trump na direção de uma redução tarifária para bens industriais e o aumento das compras de produtos americanos, informou Sefcovic em Washington.
"Estaremos dispostos a estudar como podemos reduzir as tarifas de importação de todos os produtos industriais", disse o comissário, um dia após se reunir com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e o indicado ao cargo de Representante Comercial da Casa Branca, Jamieson Greer.
Trump ameaçou a UE e outros parceiros comerciais com tarifas generalizadas, e chamou de “absolutamente brutal” a política econômica do bloco europeu para o seu país.
Após se reunir por quatro horas com seus colegas americanos, Sefcovic ressaltou que a reciprocidade deverá funcionar para ambas as partes. Também refutou a afirmação de Trump de que as relações comerciais bilaterais são injustas.
O funcionário europeu informou hoje que um dos seus pedidos foi o adiamento da eventual imposição de tarifas americanas, a fim de evitar uma escalada, enquanto ambas as partes discutem suas preocupações.
Embora a UE imponha tarifas mais altas sobre os veículos pessoais, Sefcovic apontou que os Estados Unidos protegem outras áreas, como a das caminhonetes. “Ao mesmo tempo que protegemos os interesses europeus, buscamos um diálogo construtivo, para evitar o sofrimento desnecessário causado por medidas e contramedidas.”
Em evento ontem no American Enterprise Institute, em Washington, o comissário disse que não vê "nenhuma justificativa para aumentos repentinos e unilaterais de tarifas" pelos Estados Unidos. Mas, "para proteger os interesses europeus, não teremos outra opção a não ser responder com firmeza e rapidez", advertiu.
Bruxelas e Washington entendem que têm desafios em comum, como "o excesso de capacidade global impulsionado por práticas não mercantis", uma preocupação que envolve a China, disse Sefcovic, que se mostrou otimista diante da possibilidade de que a UE possa dissipar as preocupações dos Estados Unidos com o déficit comercial bilateral.
O.Braun--MP