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Internado, papa Francisco segue em 'estado crítico' após crise asmática
O papa Francisco, de 88 anos, continua em "estado crítico" e seu "prognóstico é atualmente reservado", informou o Vaticano na noite deste sábado (22), no início da segunda semana de hospitalização do pontífice argentino por uma pneumonia bilateral.
"O estado do Santo Padre continua sendo crítico e [...] o papa não está fora de perigo. Nesta manhã, o papa Francisco teve uma crise respiratória asmática prolongada, que também exigiu a aplicação de oxigênio em alto fluxo", afirmou o Vaticano em um comunicado.
"Os exames de sangue realizados hoje também revelaram uma trombocitopenia [problemas hematológicos], associada a uma anemia, que exigiu a administração de uma transfusão sanguínea. O Santo Padre permanece alerta e passou o dia em uma poltrona, embora esteja sofrendo mais do que ontem. O prognóstico é atualmente reservado", diz o comunicado.
A equipe médica que o trata havia esclarecido na sexta-feira à tarde, em uma coletiva de imprensa, que um comunicado longo, em geral, significa que a evolução do estado de saúde do sumo pontífice não é boa.
"O papa está fora de perigo? Não, o papa não está fora de perigo", declarou na ocasião o médico Sergio Alfieri aos jornalistas no hospital romano de Gemelli, onde o papa está internado.
"O verdadeiro risco neste caso é que os germes passem para o sangue", provocando assim uma sepse potencialmente mortal, explicou. Além disso, "são necessários dias, até semanas, para ver a eficácia [...] das terapias que estamos utilizando", acrescentou.
O papa provavelmente continuará hospitalizado durante toda a próxima semana e, pela segunda vez consecutiva, não fará a oração do Angelus neste domingo.
Francisco foi internado por uma bronquite em 14 de fevereiro e, no dia 18, a Santa Sé anunciou que ele sofria de uma pneumonia bilateral, uma infecção do tecido pulmonar potencialmente fatal.
A hospitalização, a quarta desde 2021, reacendeu a preocupação com a saúde do líder da Igreja Católica, já debilitado por uma série de problemas nos últimos anos, incluindo operações de cólon e do abdômen, além de dificuldades para caminhar.
- "Especulações inúteis" -
A internação de Jorge Bergoglio, líder espiritual de 1,3 bilhão de católicos e chefe de Estado da Cidade do Vaticano, também alimentou especulações sobre sua capacidade de continuar no cargo. O direito canônico, no entanto, não prevê nenhum dispositivo para o caso de um problema que afete sua lucidez.
Também levantou especulações sobre uma possível renúncia, alimentadas pelos opositores de Francisco, em particular nos círculos conservadores católicos.
"Tenho a impressão de que são especulações inúteis", comentou neste sábado o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado e número dois do Vaticano, em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera.
"Graças a Deus, as notícias que chegam do Gemelli são animadoras, ele está se recuperando", acrescentou.
"Não vale a pena que alguns grupos pressionem por uma renúncia. Já o fizeram várias vezes nos últimos anos, e esta só pode ser uma decisão completamente livre do Santo Padre, para que seja válida", declarou ao jornal La Nación o cardeal argentino Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé e muito próximo de Francisco.
"Não vejo clima de pré-conclave, não vejo mais conversas sobre um possível sucessor do que algo que acontecia há um ano, ou seja, nada especial. Até o momento, percebo bastante respeito", afirmou.
Vários fiéis e religiosos se reuniram ao redor de uma estátua de João Paulo II localizada em frente ao hospital para rezar pela recuperação de Francisco.
Apesar dos problemas de saúde dos últimos anos, o papa Francisco, conhecido por sua força de caráter, manteve uma agenda intensa, embora seus médicos insistam que ele deveria reduzir um pouco suas atividades.
F.Bauer--MP