Münchener Post - Presidente da Alemanha pede perdão no aniversário do Levante do Gueto de Varsóvia

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Presidente da Alemanha pede perdão no aniversário do Levante do Gueto de Varsóvia
Presidente da Alemanha pede perdão no aniversário do Levante do Gueto de Varsóvia / foto: JANEK SKARZYNSKI - AFP

Presidente da Alemanha pede perdão no aniversário do Levante do Gueto de Varsóvia

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, pediu perdão nesta quarta-feira (19) pelos crimes cometidos por seu país na Segunda Guerra Mundial e criticou a invasão russa da Ucrânia nesta quarta-feira(19) durante o aniversário do Levante do gueto de Varsóvia.

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Os chefes de Estado da Polônia, Alemanha e Israel, junto a sobreviventes do Holocausto, recordaram nesta quarta-feira os 80 anos do levante de centenas de judeus contra os nazistas.

"Estou aqui hoje, diante de vocês, e peço perdão pelos crimes cometidos pelos alemães aqui", disse Steinmeier, primeiro chefe de Estado alemão a discursar durante as celebrações.

O presidente alemão também criticou duramente seu homólogo russo, Vladimir Putin, por ter ordenado a invasão da Ucrânia.

Putin "violou o direito internacional, questionou as fronteiras, cometeu um roubo de terras", declarou Steinmeier.

"Esta guerra traz aos habitantes da Ucrânia um sofrimento, uma violência, uma destruição e mortes incomensuráveis", acrescentou.

A cerimônia ocorreu em frente ao monumento dos Heróis do Gueto, situado no antigo bairro judeu da capital polonesa.

- "O mal absoluto" -

Centenas de judeus se lançaram contra os ocupantes nazistas, entre 19 de abril e 16 de maio de 1943, e preferiram morrer baleados do que em um campo de extermínio.

Foi o maior ato de resistência urbana judia conhecido contra os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

"Precisamos lembrar", disse nesta quarta-feira o presidente de Israel, Isaac Herzog.

"O mal absoluto existiu, em forma de nazistas e seus cúmplices. E o bem absoluto existiu, na forma de vítimas e combatentes", acrescentou.

Em toda a cidade, como nos anos anteriores, mais de 3.000 voluntários distribuíram flores de narciso de papel, que as pessoas usam em suas jaquetas e casacos. Um gesto em memória de Marek Edelman, o último comandante do levante, falecido em 2009, que costumava marcar este aniversário colocando um buquê de narcisos amarelos ao pé do memorial Heróis do Gueto.

Na cor e na forma, os narcisos de papel lembram a estrela amarela de Davi que os judeus europeus foram obrigados a usar pelos nazistas.

- 450.000 judeus -

"Vamos distribuir juntos 450.000 flores de papel. O número simboliza as mulheres e os homens judeus presos no gueto de Varsóvia na época de maior superlotação, a primavera de 1941", disse à imprensa Zofia Bojanczyk, coordenadora do projeto "Narcisos".

Um ano depois de invadir a Polônia em 1939, os nazistas delimitaram uma área em Varsóvia para reunir quase meio milhão de judeus em três quilômetros quadrados.

Tudo isso para exterminá-los com fome e doenças, e deportar mais de 300.000 para as câmaras de gás do campo de Treblinka, 80 quilômetros ao leste da capital polonesa.

O gueto de Varsóvia tornou-se o mais importante de todos durante a Segunda Guerra Mundial. Cerca de 50.000 civis ainda estavam escondidos em porões e bunkers no início da rebelião.

Os alemães acabaram reprimindo a revolta violentamente e incendiaram o bairro, que ficou reduzido a um campo de ruínas. Quase 7.000 pessoas morreram durante os combates e outras 6.000 morreram nos incêndios. Os sobreviventes foram enviados para os campos de concentração.

- Vozes de "uma cidade enterrada" -

Por ocasião do aniversário estão previstos encontros com sobreviventes, shows, exibições de filmes e apresentações teatrais.

"São as vozes de uma cidade enterrada, ressoando sob nossos pés", disse à AFP Jacek Konik, curador adjunto da exposição.

Imagens do gueto recentemente descobertas, feitas por um bombeiro polonês, integrarão uma exposição no museu Polin, dedicada à história dos judeus poloneses. Um testemunho valioso, já que até agora a maioria das fotos foi tirada pelos nazistas e representava o gueto judeu pelos olhos dos alemães.

G.Loibl--MP