Telescópio espacial Euclid revela primeiras imagens de teste
O telescópio espacial europeu Euclid, cuja missão é estudar a matéria e a energia escuras no universo, chegou ao seu posto de observação nesta segunda-feira (31) e revelou suas primeiras imagens de teste.
Essas imagens foram capturadas para verificar o funcionamento dos instrumentos científicos e calibrá-los. Portanto, ainda não são representativas das capacidades finais do telescópio.
No entanto, já indicam que ele será capaz de cumprir seus objetivos, conforme informado pela Agência Espacial Europeia (ESA) em comunicado.
"Depois de mais de 11 anos projetando e desenvolvendo o Euclid, é emocionante e muito comovente ver essas primeiras imagens", disse Giuseppe Racca, chefe da missão Euclid na ESA. "Uma vez totalmente calibrado, o Euclid observará bilhões de galáxias para criar o maior mapa 3D do céu já criado."
Após o lançamento da Flórida em 1º de julho, o telescópio europeu, que também contou com a participação da Nasa, viajou até seu destino a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra.
O Euclid possui dois instrumentos a bordo: um gerador de imagens de luz visível (VIS) e um espectrômetro de infravermelho próximo (NISP). O primeiro deve determinar a forma precisa das galáxias, o segundo, sua distância.
Mas, quando foram ativados, os cientistas tiveram um grande susto: as imagens estavam "contaminadas" por uma fonte de luz inesperada, relatou a ESA. A investigação sobre a causa do problema "indicou que a luz do sol estava vazando para a nave, provavelmente através de uma pequena abertura", explicou a agência europeia. No entanto, para detectar a fraca luz das galáxias distantes, é absolutamente necessário bloquear a luz brilhante do nosso Sol (que fica de costas para o Euclid).
"Ao girar o Euclid, as equipes perceberam que essa luz era detectada apenas em certas orientações, e evitando certos ângulos, o instrumento VIS poderá cumprir sua missão", assegurou a ESA.
A matéria e a energia escuras constituem 95% do universo, mas sua natureza ainda é um grande mistério para os cientistas. Enquanto a primeira assegura a coesão das galáxias, a segunda provoca a expansão do universo.
Graças ao seu mapa em 3D, o telescópio poderá fazer medições precisas da distribuição das galáxias e da expansão do universo, que se acredita ter começado há seis bilhões de anos.
As galáxias distantes observadas permitirão voltar no tempo até 10 bilhões de anos atrás, o tempo necessário para que sua luz chegue até nós.
A esperança é que o Euclid possa detectar as pegadas deixadas pela matéria e energia escuras à medida que as galáxias se formam.
As operações científicas do telescópio devem começar em cerca de dois meses.
P.Mueller--MP