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Países da Commonwealth pedem reparações ao Reino Unido por seu passado imperial
Países da Commonwealth pedem reparações ao Reino Unido por seu passado imperial / foto: Manaui Faulalo - POOL/AFP

Países da Commonwealth pedem reparações ao Reino Unido por seu passado imperial

Vários países da Commonwealth pediram nesta sexta-feira (25) ao rei Charles III que o Reino Unido reconheça e pague reparações pelas brutalidades do Império Britânico, em particular as vinculadas ao comércio de escravizados, do qual a Coroa se beneficiou durante séculos.

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Os líderes da Comunidade de Nações de 56 países, a maioria ex-colônias britânicas, se reuniram em um encontro de cúpula em Apia, capital de Samoa, que deveria ter as mudanças climáticas como principal tema.

Mas o encontro foi ofuscado pela História, com vários países da África, Caribe e Oceania exigindo que Londres pague indenizações financeiras ou, pelo menos, adote medidas políticas por seu passado colonial.

"Chegou o momento de manter um diálogo real sobre como abordamos estes erros históricos", disse o primeiro-ministro das Bahamas, Philip Davis.

"Os horrores da escravidão deixaram uma ferida profunda e geracional em nossas comunidades, e a luta por justiça e por justiça reparatória está longe de terminar", completou.

Especialistas calculam que entre 10 e 15 milhões de pessoas foram levadas como escravizadas da África para as Américas ao longo de mais de quatro séculos, uma prática que terminou por volta 1870. O número exato, no entanto, é desconhecido.

Charles III, a quem vários países exigiram um pedido de desculpas, fez um apelo nesta sexta-feira aos participantes da reunião que "rejeitem a linguagem da divisão", mas disse compreender "que os aspectos mais dolorosos do nosso passado continuam ressoando".

"Nenhum de nós pode mudar o passado. Mas podemos nos comprometer, de todo o coração, a continuar aprendendo suas lições e a encontrar formas criativas de corrigir as desigualdades que permanecem", acrescentou.

- "Honestidade e integridade" -

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, cujo governo enfrenta graves problemas orçamentários, rejeitou a possibilidade de pagar reparações e seus assessores descartaram a ideia de um pedido público de desculpas durante a reunião.

"O comércio de escravizados, a escravidão, foi algo aberrante e é muito importante começar por aí", disse Starmer à BBC.

"A questão é 'para onde vamos a partir daqui?' Minha opinião é que deveríamos olhar para frente, que deveríamos olhar para os desafios atuais", completou.

Os participantes da reunião iniciaram árduas negociações sobre um rascunho de comunicado conjunto que pede um debate sobre o colonialismo.

Uma fonte diplomática que pediu anonimato disse à AFP que os países desenvolvidos estavam tentando suavizar a linguagem do texto final.

"O pedido de reparações não consiste em uma mera compensação econômica, consiste em reconhecer o impacto que a exploração teve durante séculos e garantir que o legado da escravidão seja tratado com honestidade e integridade", insistiu o premiê das Bahamas.

Um dos candidatos ao cargo de secretário-geral da Commonwealth, Joshua Setipa, do Lesoto, afirmou que as reparações podem incluir formas de pagamento não tradicionais, como o financiamento para luta contra as mudanças climáticas.

"Podemos encontrar uma solução que começaria corrigindo algumas injustiças do passado e colocando estas no contexto do que está acontecendo hoje", disse à AFP antes da reunião.

Com esta reunião de cúpula, o rei Charles III conclui uma viagem de 11 dias pela Austrália e por Samoa, sua primeira grande viagem ao exterior desde seu diagnóstico de câncer no início do ano.

D.Richter--MP