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Avós da Praça de Maio encontram neto 138, levado durante a ditadura argentina
Avós da Praça de Maio encontram neto 138, levado durante a ditadura argentina / foto: JUAN MABROMATA - AFP

Avós da Praça de Maio encontram neto 138, levado durante a ditadura argentina

A organização de direitos humanos Avós da Praça de Maio anunciou, nesta sexta-feira (27), que foi encontrado o neto 138, apropriado durante a ditadura argentina (1976-1983). Ele é filho de um casal de militantes políticos sequestrados em 1976 e desde então desaparecidos.

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"Trata-se do filho de Marta Enriqueta Pourtalet e Juan Carlos Villamayor, nascido em dezembro de 1976. São, assim, 138 casos resolvidos nesses 47 anos de busca incansável pela verdade e pela identidade", afirmou em coletiva de imprensa a presidente das Avós, Estela de Carlotto.

"No dia 10 de dezembro de 1976, o casal foi sequestrado em sua residência na Cidade de Buenos Aires durante uma operação realizada por agentes à paisana. Marta estava grávida de oito meses e meio", acrescentou Carlotto, ao falar no auditório do Espaço Memória e Direitos Humanos, onde funcionava o centro clandestino da Escola de Mecânica da Armada (ESMA).

Pourtalet e Villamayor militavam na organização guerrilheira Montoneros (esquerda peronista). Após o sequestro, o casal foi visto na ESMA, um dos maiores centros de tortura e extermínio por onde passaram mais de 5 mil prisioneiros políticos, dos quais cerca de 100 sobreviveram, segundo organizações humanitárias.

"Possivelmente foi lá que ocorreu o nascimento do neto 138. Até o momento, estão contabilizados mais de 30 nascimentos nesse centro clandestino", destacou Carlotto.

A presidente das Avós também explicou que o neto encontrado tem um irmão, chamado Diego, nascido em 1972 e filho de Marta com um parceiro anterior.

O encontro do neto 138 é o primeiro comunicado pela entidade desde 1º de setembro de 2023, quando foi anunciada a resolução de quatro casos de famílias que buscavam filhos nascidos durante o cativeiro de suas mães. Em todos esses casos, foi possível estabelecer a identidade de mulheres assassinadas antes de dar à luz.

Esse também é o primeiro caso resolvido durante a presidência de Javier Milei, que contesta a narrativa histórica sobre a ditadura argentina. Tanto ele quanto sua vice-presidente, Victoria Villarruel — que possui proximidade com os militares —, questionam o número de desaparecidos estimado por organizações de direitos humanos (30 mil), alegando que o número real seria próximo de 8.700.

As Avós da Praça de Maio continuam buscando cerca de 300 netos nascidos durante o cativeiro de suas mães.

A.Gmeiner--MP