Atriz francesa Léa Seydoux considera existir 'mais respeito' nas gravações graças ao #MeToo
"Hoje em dia há mais respeito nas filmagens", avaliou a atriz francesa Léa Seydoux no Festival de Cannes, que começou nesta quarta-feira (15) com o foco nas mulheres.
Essa evolução, disse Seydoux ("A Bela e a Fera"), é devida ao movimento #MeToo e ao clima de perseguição de agressões sexuais no cinema.
"Vejo que há respeito nas filmagens, não há mais aquela familiaridade, mesmo para as cenas íntimas. Sinto essa mudança global, o respeito está mais presente", declarou a atriz francesa, que estrela "O Segundo Ato" de Quentin Dupieux, que inaugurou o 77º Festival de Cannes na terça-feira.
"O filme também brinca com isso, também fala desse movimento de tomar a palavra, que era fundamental. Eu também sou testemunha dessa mudança, fui uma atriz antes e agora vejo o depois", destacou ela, que recebeu uma Palma de Ouro por "Azul é a Cor Mais Quente" em 2013 junto com sua colega Adèle Exarchopoulos e o diretor Abdellatif Kechiche.
Pouco depois dessa filmagem, ambas as atrizes denunciaram o caráter do diretor durante as centenas de tomadas para uma mesma cena, o que lhes valeu uma inimizade duradoura com Kechiche.
Adèle Exarchopoulos, de 38 anos, cujo primeiro grande papel foi aos 19 anos, havia falado de "dez dias completos de filmagem" para a cena de sexo, muito longa e muito crua.
"Embora tenha tido alguns contratempos, fui uma atriz que teve muita sorte no início. Trabalhei com pessoas, fui respeitada de alguma forma, bem, mais ou menos...", ressaltou Seydoux. "Não posso me comparar com algumas que passaram por coisas muito graves.
Também destacou que seu status de atriz reconhecida a "protege". "É mais difícil quando você é uma atriz jovem. Quando você é vulnerável", enfatizou.
Seydoux trabalhou em dois filmes de James Bond, um da saga "Missão Impossível" e em "Duna 2", com diretores como Wes Anderson, Xavier Dolan ou Bruno Dumont.
A atriz é uma das mulheres que denunciaram em 2017 o comportamento do ex-produtor hollywoodiano Harvey Weinstein. Também havia contado ter recebido avanços sexuais de diretores com os quais trabalhava.
C.Maier--MP